(ANSA) - A Itália revogou a decisão de extraditar para a Argentina o ex-capelão militar Franco Reverberi Boschi, acusado de crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura militar de seu país, que durou entre 1976 e 1983.
A decisão foi tomada pelo ministro da Justiça, Carlo Nordio, que considerou os problemas de saúde de Reverberi.
A extradição contra o homem de 87 anos, morador de Sorbolo, na província de Parma, havia sido decidida a pedido do governo argentino pela Corte de Apelação de Bolonha, e confirmada pela Corte de Cassação.
O religioso ítalo-argentino era capelão auxiliar da 8ª Esquadra de Exploração Alpina de San Rafael, em Mendoza, e é acusado de envolvimento em crimes cometidos em um centro de detenção clandestino conhecido como "La Departamental".
Reverberi fugiu do país em 2011, enquanto a Argentina se preparava para começar a julgar processos por crimes contra a humanidade no período ditatorial, quando depoimentos de sobreviventes e familiares começaram a comprometê-lo.
Um primeiro pedido de extradição foi apresentado em 2013, mas os tribunais italianos rejeitaram a solicitação porque a acusação apontava exclusivamente casos de tortura. Isso porque, na Itália, esse crime não é imprescritível, salvo quando associado a outros delitos puníveis com prisão perpétua.
No entanto, novos depoimentos do processo apontaram também a participação do ex-capelão em sequestros, torturas e no homicídio durante o regime militar do militante peronista José Guillermo Berón, à época com 20 anos, cujo corpo nunca foi encontrado.
A decisão de Nordio já repercutiu nesta sexta-feira (12): o co-porta-voz nacional do partido Europa Verde e deputado da Aliança Verdes e Esquerda (AVS) Angelo Bonelli avaliou: “A decisão é gravíssima. Deveria encher de vergonha porque confirma que este governo não se distancia das ditaduras fascistas que dilaceraram a América Latina”.
“Tanto o Tribunal de Bolonha quanto a Suprema Corte verificaram que o Padre Reverberi não sofre de nenhuma patologia, ao contrário do que foi afirmado por Nordio em suas justificativas, que assumem assim caráter político. O próximo passo será conceder a cidadania italiana a Jair Bolsonaro, ex-presidente da República Brasileira, acusado de graves crimes?", acrescentou.
(ANSA).