Política

Argentina tem 1ª greve geral contra reformas de Milei

Trabalhadores e oposição se manifestam diante do Parlamento

Manifestantes na greve geral de Buenos Aires seguram cartaz escrito "nossa pátria não se vende"

Redazione Ansa

(ANSA) - Os principais sindicatos argentinos iniciaram nesta quarta-feira (24) uma greve geral contra a política econômica e social do novo governo de Javier Milei.

A paralisação é contrária tanto ao Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) que entrou em vigor no final de dezembro, revogando mais de 300 normas de uma só vez para desregulamentar a economia argentina e facilitar privatizações; quanto à lei “Ómnibus”, com mais de 600 iniciativas, inclusive aumentando poderes do Executivo, que será avaliada na Câmara a partir desta quinta (25).

Concretizando a agenda ultraliberal proposta durante a campanha, os dois textos têm como objetivo uma forte redução da presença do Estado na economia, flexibilização do trabalho, diversas privatizações e liberalizações dos mecanismos financeiros e comerciais.

Uma mobilização de 12 horas foi promovida pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) e outras organizações sindicais nacionais, enquanto a Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE), setor que se considera especialmente atingido pelas medidas, cumpre uma greve de 24 horas desde a meia-noite desta quarta.

Partidos de oposição de esquerda e associações sociais, culturais, estudantis e de defesa dos direitos humanos se uniram aos sindicados em uma manifestação em frente à sede do Parlamento em Buenos Aires.

Com a paralisação, a gestão de Milei se torna a que mais rapidamente enfrentou uma greve na história do país, apenas 45 dias após a posse. O primado anterior era do ex-presidente Fernando de la Rúa, que governou entre 1999 e 2001, e encarou sua primeira greve três meses após o início do governo.

“Não há greve que nos parará. Não há ameaça que nos intimidará”, publicou no X (antigo Twitter) a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, em um comunicado que antagoniza quem quer “resistir à mudança que a sociedade decidiu democraticamente” e foi reproduzido pelo presidente.

Em uma coletiva de imprensa, o porta-voz do governo, Manuel Adorni, disse que a paralisação “é mais uma greve política que uma defesa dos trabalhadores”: “Continuamos sendo surpreendidos pela velocidade recorde com que decidiram decretar greve. É um dia triste, porque muitas pessoas não puderam trabalhar”.

A ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, em viagem ao Paraguai para uma reunião de cúpula do Mercosul, disse no X que “a greve não tem justificativa” e que a iniciativa “convocada pela oligarquia dos milionários com carros blindados e motoristas, falsos representantes dos trabalhadores, nos confirma que estamos no caminho certo”.

“As coisas são alcançadas com esforço, não chorando e chutando. Não temos medo deles”, acrescentou.

Milhares de manifestantes se espalharam pelas vias de acesso à praça do Congresso, especialmente nas artérias das avenidas de Mayo e 9 de Julio. Os organizadores esperam concentrar ao menos 90 mil pessoas.

A ANSA observou que a atmosfera da cidade segue tranquila, com lojas abertas e trânsito livre. Um grande contingente de agentes de segurança foi mobilizado para as ruas.

 (ANSA).
   

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