(ANSA) - Na véspera do "Dia em Memória das Vítimas do Holocausto", celebrado anualmente em 27 de janeiro, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, afirmou nesta sexta-feira (26) que seu país não vai tolerar o retorno do antissemitismo.
"Os mortos de Auschwitz nos advertem continuamente: o caminho da humanidade segue por estradas acidentadas e arriscadas", declarou ele durante o evento "Os justos entre as Nações", no Palácio do Quirinale.
Segundo Mattarella, "isso também se manifesta pela retorno, no mundo, de casos perigosos de antissemitismo: de preconceitos que traçam antigos estereótipos contra judeus, reforçados pelas redes sociais sem controle ou modéstia".
"As comunidades judaicas italianas sabem que a Itália é a sua casa e que a República, da qual são parte integrante, não tolerará, de forma alguma, ameaças e intimidação contra elas", enfatizou.
Durante seu discurso, o presidente citou o escritor italiano Primo Levi, dizendo que "a história da deportação e dos campos de concentração não pode ser separada da história das tiranias fascistas na Europa", principalmente porque "representa a sua fundação levada ao extremo, além de todos os limites da lei moral que está gravada na consciência humana".
De acordo com Mattarella, "com estas palavras, Levi traçou o julgamento sobre as raízes e a responsabilidade do mais grave extermínio, organizado e planejado contra mulheres e homens definidos como raças inferiores".
"As ideologias da superioridade racial, a religião da morte e da guerra, o nacionalismo predatório, a supremacia do Estado, do partido, sobre o direito inviolável de cada pessoa, o culto à personalidade e ao líder, foram vírus mortais, produzidos pelo homem, que se espalharam rapidamente, infectando grande parte da Europa, desencadeando instintos bárbaros e mergulhando o mundo inteiro numa guerra desastrosa e ruinosa", alertou.
Gaza
Por fim, o chefe de Estado italiano expressou angústia tanto pelos reféns israelenses mantidos pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas na Faixa de Gaza quanto pela situação dos civis.
"Sentimos a angústia crescendo em nós, dia após dia, pelos reféns nas mãos cruéis do Hamas. A angústia também aumenta para as numerosas vítimas entre a população civil palestina na Faixa de Gaza. Muitas mulheres e crianças", lembrou.
Para ele, a tristeza é, em primeiro lugar, pelo "respeito inalienável pelos direitos humanos de todos, em todos os lugares", e também porque "uma reação com consequências tão dramáticas para os civis corre o risco de dar origem a novas alavancas de ressentimento e ódio".
O Ministério da Saúde de Gaza informou que mais de 26 mil pessoas foram mortas na represália de Israel pelo ataque de 7 de outubro, quando 1,3 mil israelenses morreram e 250 pessoas foram sequestradas pelo Hamas.
"Estamos a assistir no mundo um ressurgimento do antissemitismo, que recentemente assumiu a forma do indescritível e cruel massacre antissemita de inocentes no ataque terrorista que, naquela página de vergonha para a humanidade, em 7 de outubro, nem sequer poupou jovens, crianças e até bebês", lamentou.
Para Mattarella, isto é "uma réplica horrível dos horrores do Holocausto". "Estamos convencidos de que os reservatórios de ódio foram ampliados por palavras e atos cruéis e até blasfemos", concluiu. (ANSA).