Política

Itália anuncia 5,5 bilhões de euros para África

Premiê Giorgia Meloni apresentou detalhes do 'Plano Mattei'

Giorgia Meloni durante cúpula Itália-África, em Roma

Redazione Ansa

(ANSA) - A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, anunciou nesta segunda-feira (29) que o país vai investir pelo menos 5,5 bilhões de euros (R$ 29 bilhões) na África, entre financiamentos, doações e garantias para empréstimos.

O montante faz parte do "Plano Mattei", batizado em homenagem ao fundador da gigante italiana de óleo e gás ENI, Enrico Mattei, e integra a estratégia do governo Meloni para criar oportunidades no continente africano e conter os fluxos migratórios no Mar Mediterrâneo.

"O Plano Mattei pode contar com 5,5 bilhões de euros entre créditos, doações e garantias. Cerca de 3 bilhões do fundo italiano para o clima e 2,5 bilhões do fundo para a cooperação para o desenvolvimento", disse a premiê durante a Cúpula Itália-África, realizada no plenário do Senado, em Roma.

Segundo Meloni, o objetivo da iniciativa é garantir às novas gerações africanas "o direito de não ser obrigada a migrar, de não precisar cortar as raízes em busca de uma vida melhor, algo cada vez mais difícil de alcançar na Europa".

"A imigração ilegal de massa nunca será freada se não enfrentarmos as causas que levam uma pessoa a abandonar a própria casa. E é exatamente isso que pretendemos fazer, trabalhando para oferecer aos povos africanos uma alternativa feita de oportunidades, formação e percursos de migração legal", afirmou.

A premiê também anunciou alguns projetos-pilotos do Plano Mattei, incluindo um centro de formação profissional no setor de energia renovável no Marrocos, reformas de escolas e programas de atualização de professores na Tunísia e ações de acesso à saúde na Costa do Marfim.

"O plano foi pensado como uma plataforma programática aberta ao compartilhamento e à colaboração com as nações africanas", garantiu Meloni.

Ao fim da cúpula, Meloni reforçou que o plano “não é uma caixa fechada”: “Temos uma ideia a compartilhar. Esperei para entender se essa ideia que temos em mente é compartilhada com nossos interlocutores, porque só pode se realizada juntos”.

Ela também considerou a cúpula “um sucesso”: “Atingiu seu objetivo de ser um momento de compartilhamento, diálogo, troca de opiniões”.

Ainda estão previstos projetos nas áreas de agricultura e meio ambiente na Argélia, no Egito, na Etiópia, em Moçambique, no Quênia e na República do Congo. "É preciso unir forças para construir um Plano Marshall europeu para a África", disse o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani.

O país europeu, presidente do G7 em 2024, também promete dar um "lugar de honra" para a África nas reuniões do grupo ao longo do ano.

A cúpula em Roma ainda contou com a presença da presidente do poder Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, que destacou que o Plano Mattei é "uma importante contribuição para a parceria com a África". "Os interesses e destinos de África e Europa estão mais alinhados do que nunca", assegurou.

A Itália recebeu quase 158 mil migrantes forçados pela rota do Mediterrâneo Central em 2023, aumento de 50% em relação a 2022, segundo o Ministério do Interior.

Os principais países de origem são Guiné (18,2 mil), Tunísia (17,3 mil), Costa do Marfim (16 mil), Bangladesh (12,2 mil) e Egito (11,1 mil). Destes, apenas Bangladesh não fica na África.

União Africana

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, afirmou durante a cúpula de Roma que o bloco "gostaria de ter sido consultado sobre o "Plano Mattei",

"A África está pronta para discutir aspectos e modalidades de implantação. Insisto sobre a necessidade de passar das palavras aos fatos, não podemos mais nos contentar com promessas", disse o dirigente em seu discurso.

No entanto, o líder da UA ressaltou que o interesse da Itália de promover um "novo paradigma" em relação à África "goza de ótima consideração no continente". "E espero que a presidência italiana no G7 possa amplificar essa abordagem", acrescentou.

Segundo Faki, a cooperação entre Europa e África deve ser governada pelos princípios da "liberdade" e da "vantagem recíproca". (ANSA)

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