(ANSA) - Parlamentares e representantes de partidos italianos, especialmente de oposição, pressionam o governo para que dê explicações e se posicione mais claramente a respeito da prisão da professora milanesa Ilaria Salis, ativista antifascista encarcerada na Hungria sob a acusação de ter agredido extremistas de direita no país.
Os políticos acusam a primeira-ministra, Giorgia Meloni, de não ter falado sobre o caso por ter boas relações com seu homólogo húngaro, o líder de extrema-direita Viktor Orbán.
Partidos como o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e o centrista Itália Viva (IV) decidiram apresentar requerimentos de informação sobre o caso em caráter de urgência ao governo.
“As chocantes imagens de Ilaria Salis acorrentada de forma indigna no tribunal de um país do qual Giorgia Meloni se orgulha de ser amiga nos deixaram estupefatos. Esperamos que Giorgia Meloni coloque os interesses dos cidadãos italianos acima dos de Orbán”, disse à ANSA Francesco Silvestre, líder do M5S na Câmara.
“É urgente que a presidente do Conselho [dos Ministros] venha ao plenário explicar como pretende agir com Orbán. Precisamos saber se a Hungria ainda é um país da União Europeia ou não”, disseram, em nota, os líderes de IV no Senado, Enrico Borghi, e na Câmara, Davide Faraone.
“É ensurdecedor o silêncio. Que mostre a cara e demonstre que se importa com a tutela da dignidade de uma cidadã italiana e a defesa das regras mínimas da civilidade jurídica. Continuar em silêncio não faz nada além de confirmar a suspeita de uma subalternidade ao seu amigo Orbán”, disse a deputada Anna Ascani, do Partido Democrático (PD), vice-presidente da Câmara.
Em defesa do governo, o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse que “em matéria de direito, Orbán não tem nada a ver com isso”: “O governo não decide o processo, a magistratura é independente”.
“O problema é ver se foram respeitadas as regras. Nós não podemos intervir, a Hungria é um Estado soberano. Podemos apenas protestar sobre o tratamento aos detidos”, complementou.
A militante de 39 anos se declarou não culpada nesta segunda-feira (29) na primeira audiência do caso.
Ela foi levada ao tribunal acorrentada, com algemas nos pulsos e os pés presos por tiras de couro com cadeados, mas entrou no plenário sorrindo, sendo puxada por uma agente de segurança através de uma corrente.
Tajani disse que a cena foi um “excesso” e que configura “violação das normas comunitárias”
Com o apoio da Embaixada da Itália em Budapeste, os advogados da italiana vão apresentar um pedido para que ela seja transferida à prisão domiciliar.
Giorgia Meloni
No fim da noite desta terça-feira, a premiê Giorgia Meloni falou ao telefone com seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, em antecipação à reunião extraordinária do Conselho Europeu na próxima quinta-feira (1º).
Durante a chamada, ela teria levado o caso da italiana Ilaria Salis à atenção de Orbán.
(ANSA).