(ANSA) - Após uma reunião com seu homólogo húngaro na noite de quarta-feira (31) em Bruxelas, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou nesta quinta (1º) que pediu um tratamento justo a Ilaria Salis, italiana presa em Budapeste.
Militante antifascista acusada de agressão contra ativistas de extrema-direita, a professora milanesa foi levada a uma audiência na segunda-feira (29) acorrentada pelas mãos, pés e cintura, em imagens que chocaram a Europa.
“Estamos pedindo que o respeito aos direitos seja verificado. O uso de algemas é um tratamento usado em vários Estados ocidentais, nós não usamos. Desde o início o governo ofereceu toda a assistência possível”, garantiu.
“A Hungria também tem autonomia para juízes e os governos não entram nos processos. Mas o que falei ao primeiro-ministro Orbán é que deve ser empregado um tratamento de dignidade, respeito e processo justo. Só espero que Ilaria Salis possa demonstrar sua inocência em um processo rápido”, disse.
Meloni vinha sendo alvo de críticas da oposição por não ter se posicionado sobre o caso, acusada de ter silenciado por ter boas relações com o líder de extrema-direita húngaro.
Ela disse que a possibilidade de cumprimento de uma eventual pena na Itália deverá ser discutida somente após o processo, mas demonstrou insatisfação sobre o adiamento do início do julgamento para maio: “Acredito que, sobre isso, seja possível fazer algo a mais. O governo e a embaixada garantirão toda a assistência”.
Apesar de ter repetido que o uso de correntes ocorre em vários Estados ocidentais “soberanos” e admitir que as imagens chocaram a Itália, Meloni não entrou em detalhes sobre quais seriam e nem se posicionou sobre o assunto.
Já Orbán disse ter relatado o caso em detalhes à premiê italiana: “Só tenho legitimidade para dar informações sobre seu tratamento no cárcere e exercitar uma influência para que tenha um tratamento justo. Todos os direitos serão garantidos. Ela pode usar o telefone e não está isolada do mundo”.
O pai e os advogados de Ilaria Salis já relataram que a italiana teria sofrido maus tratos desde o início da prisão, em fevereiro de 2023, ficando com roupas sujas, tendo passado oito dias em uma cela de isolamento sem papel higiênico, sabonete e absorventes, e usando sua própria roupa para se secar após o banho, sem acesso a toalha.
Também nesta quinta-feira, políticos e manifestantes se reuniram diante da Embaixada da Hungria em Roma, levando uma grande faixa com os dizeres “Justiça para Ilaria Salis”.
Presente, o deputado e fundador da sigla europeísta +Europa Benedetto della Vedova disse: “É verdade que a Itália pode ensinar pouco sobre condições carcerárias, mas estamos diante de um tratamento desumano. É preciso indignar-se independentemente do que Ilaria Salis tenha feito. Não é aceitável, é contra os direitos humanos. Nem [o chefão da máfia Cosa Nostra] Matteo Messina Denaro foi tratado assim”.
(ANSA).