Política

General autor de livro anti-LGBTQ é alvo de investigação em Roma

Segundo denúncias, trechos de best-seller 'instigam ao ódio'

Roberto Vannacci é general da Itália

Redazione Ansa

(ANSA) - O general italiano conhecido como "antigay" Roberto Vannacci, autor do controverso livro "Il mondo al contrario" ("O mundo do avesso", em tradução livre), está sendo investigado em Roma por trechos da obra que instigariam ao ódio.

A apuração teria começado a partir de denúncias apresentadas por associações nas últimas semanas. As denúncias dizem respeito a questões raciais e de orientação sexual contidas no livro.

“A única instigação feita é à reflexão e à leitura. Nenhuma instigação ao ódio. Galileu Galilei também foi processado pro suas ideias, mas 300 anos depois foi absolvido. Esperamos, com base em evidências, resolver esta questão rapidamente”, disse o advogado Giorgio Carta, que representa Vannacci.

“Nunca, no livro, ele sustenta que uma raça seja superior a outra, simplesmente se limita a criticar um excessivo multiculturalismo extremo que, como vimos, algumas vezes pode causar problemas muito sérios. Isso não quer dizer que tenha jamais proclamado a superioridade da raça italiana”, garantiu seu outro advogado, Massimiliano Manzo.

“Cada etnia é diferente da outra, e cada cultura tem aspectos positivos e negativos, mas nem sempre a convivência forçada é de simples solução. As palavras dele não são nada além de uma manifestação da própria liberdade de opinião de maneira privada. Puni-las ou atingi-las poderia integrar uma forma de censura pouco compatível com nossa democracia constitucional”, acrescentou.

Em agosto de 2023, o general havia sido destituído do cargo de chefe do Instituto Geográfico Militar de Florença, em meio à polêmica por causa das teorias homofóbicas e racistas publicadas em seu livro, que logo se tornou sucesso de vendas na Itália.

Na obra, Vannacci diz que homossexuais "não são normais" e denuncia um suposto "lobby gay internacional" para normalizar as relações entre pessoas do mesmo sexo.

Além disso, afirma que os "traços físicos" de Paola Egonu, célebre jogadora de vôlei negra, "não representam a italianidade", apesar de ela ser italiana.

“Investigações que são medalhas. Velhos métodos do velho sistema. Adiante, general, adiante juntos, adiante Itália!”, disse o partido Liga em uma nota de apoio.

A sigla tem apoiou o general desde o início da polêmica, cogitando lançá-lo como candidato em eleições.

(ANSA).
   

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