(ANSA) - A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, classificou nesta terça-feira (5) como "grave" o suposto caso de espionagem contra políticos, incluindo representantes de seu governo, personalidades e até estrelas do futebol que veio a público e chocou o país no último fim de semana.
Durante visita na cidade de Téramo, na região de Abruzzo, a premiê italiana lamentou o escândalo, cujo Ministério Público de Perugia investiga Pasquale Striano, agente da Guarda de Finanças da Itália, que é acusado de suposta espionagem e acesso abusivo ao sistema de dados da instituição e divulgação de informação confidencial a jornalistas.
"Considero muito grave que na Itália existam funcionários do Estado que gastaram seu tempo violando a lei realizando verificações de cidadãos, comuns ou não, como bem entendem e depois repassando esta informação para à imprensa e, em particular, a alguns membros da imprensa", declarou ela.
Mais tarde, em outro compromisso público, Meloni disse que o objetivo é descobrir quem foram os mandantes.
“Queremos saber quem são os mandantes, porque esses são métodos de regime”, disse, durante um comício de centro-direita em Pescara.
Segundo o inquérito, o italiano teria feito acessos não autorizados à base de dados tributários, antimáfia e de lavagem de dinheiro para obter informações sobre cinco ministros - Guido Crosetto (Defesa), Francesco Lollobrigida (Agricultura), Marina Elvira Calderone (Trabalho), Gilberto Pichetto Fratin (Ambiente) e Adolfo Urso (Desenvolvimento Econômico) -, secretários de estado e dos ex-premiês italianos Matteo Renzi e Giuseppe Conte.
A lista ainda inclui a viúva de Silvio Berlusconi, Marta Fascina; o presidente da Federação Italiana de Futebol, Gabriele Gravina; o craque Cristiano Ronaldo; o técnico Massimiliano Allegri; e o rapper Fedez.
Striano teria entrado milhares de vezes nos ficheiros sem autorização e sem quem houvesse qualquer tipo de investigação em andamento que justificasse os acessos em busca de informações sensíveis desde 2018.
A investigação teve início há cerca de um ano na sequência de uma denúncia do ministro da Defesa pela publicação de um documento sobre a sua situação fiscal em um jornal italiano.
Hoje, foi revelado que o nome do governador da Lombardia, Attilio Fontana, também apareceu na investigação de Perugia sobre o suposto dossiê sobre espionagem de personalidades.
"É uma coisa chocante, espero também a intervenção do presidente da República porque não podemos permitir que o Estado de direito e a democracia em que acreditamos possa ser espezinhado por estes comportamentos", afirmou ele, pedindo um posicionamento do chefe de Estado italiano, Sergio Mattarella.
Paralelamente, o presidente da Lazio, Claudio Lotito, pediu para ser ouvido pelos promotores de Roma sobre a investigação, que também teria revelado "supostas atividades ilícitas realizadas por Gabriele Gravina", presidente da Federação Italiana de Futebol (Figc). (ANSA).