(ANSA) - O Conselho de Ministros realizado nesta quinta-feira (9) na cidade de Cutro, palco uma recente tragédia com migrantes, aprovou o decreto-lei do governo sobre questões relacionadas aos fluxos migratórios ao país.
A costa litorânea da cidade registrou, no dia 26 de fevereiro, um naufrágio que matou, ao menos, 72 pessoas. Outras 80 foram salvas e cerca de 40 ainda estão desaparecidas. O incidente é o maior registrado em águas italianas desde 2013, quando mais de 350 migrantes morreram próximo à ilha de Lampedusa.
Segundo fontes ligadas à reunião, o encontro durou cerca de uma hora e no texto final não está a inclusão do reforço na vigilância marítima - que havia sido incluído no rascunho do projeto. A ideia era colocar a Marinha militar na primeira linha da gestão, mas os ministros desistiram da norma.
Durante todo o encontro, realizado na sede da prefeitura de Cutro, manifestantes ficaram do lado de fora do prédio gritando palavras contra os membros do governo, como "vergonha" e "assassinos".
Entre os principais pontos do projeto, estão a determinação de até 30 anos de cadeia para os organizadores das viagens clandestinas no Mediterrâneo quando houver mortes ou ferimentos de pessoas. E o governo atuará também para processar essas pessoas mesmo que elas não estejam na Itália.
Outro destaque é a reserva de "cotas de acesso" para trabalhadores que venham de países que colaborem com a Itália no controle dos fluxos migratórios.
"Esse CdM que quisemos realizar em Cutro, e agradeço todos a partir do prefeito pelo acolhimento e os cidadãos, quisemos fazer aqui porque após a tragédia do dia 26 de fevereiro queríamos dar um sinal concreto da nossa atenção", disse Meloni ao iniciar a coletiva de imprensa.
Segundo a premiê, o novo decreto "enfrenta" a questão dos traficantes e serve para "mostrar a nossa determinação para derrotar o tráfico de seres humanos responsáveis por essas tragédias".
"Acredito que uma outra maneira de combater os traficantes de seres humanos seja passar a mensagem de que não compensa entrar ilegalmente na Itália, pagando os traficantes e arriscando morrer", acrescentou ainda.
Meloni pontuou que quem acha que o governo vai mudar a linha adotada desde outubro "erra muito" e que os ministros "confirmam a nossa linha e que não há política mais responsável do que a luta contra os traficantes".
A premiê ainda voltou a cobrar uma postura mais incisiva da União Europeia e que o tema precisa ser tratado de maneira contundente porque "a Itália não pode lidar com a crise sozinha". (ANSA).