(ANSA) - O presidente da Itália, Sergio Mattarella, foi à cidade de Casal di Principe, na região da Campânia, nesta terça-feira (21) no dia que o país celebra a Memória pelas Vítimas da Máfia. A localidade é famosa por ter sido berço do clã mafioso Casalesi, do grupo Camorra, e há anos trabalha para deixar para trás definitivamente o passado difícil.
Além de fazer um discurso para estudantes e moradores, Mattarella fez uma visita solene ao túmulo do padre don Peppe Diana, morto há 29 anos por lutar contra os mafiosos na cidade e educar os jovens para não entrarem no crime.
"A máfia é violência, mas também é vilania. Os mafiosos não têm nenhum senso de honra ou coragem. Se mostram fortes com os mais fracos. Matam pessoas desarmadas, organizam atentados indiscriminados, não param nem na frente das mulheres e das crianças. E se escondem no obscurantismo", disse durante o evento principal.
Mattarella, que também teve seu irmão mais velho, Piersanti, assassinado por mafiosos da Cosa Nostra na década de 1980, afirmou que a luta contra esse grupos "é de todos nós".
"Não podemos ficar indiferentes, não se pode dizer: isso não me atinge. Ou se rejeita claramente os métodos mafiosos ou, ainda que inconscientemente, corre-se o risco de virar cúmplice. Derrotar a máfia é possível. Já dizia Giovanni Falcone: 'a máfia não é algo invencível, é um fato humano e, como todos os humanos, têm um início e deve ter também um fim'", acrescentou.
Neste momento, Mattarella citou a própria cidade de Casal di Principe como um exemplo de que isso é possível. "O hediondo assassinato de don Peppe Diana foi um detonador da coragem e do desejo de mudança. Produziu uma onda de participação civil, uma verdadeira batalha para a promoção da legalidade. A população disse chega à exploração e a prepotência e agiu, de maneira decisiva, com o apoio das forças de ordem e da magistratura", pontuou.
Dizendo ainda que a República italiana "está ao lado de vocês", o presidente destacou a parte final de seu discurso para os jovens, que relataram ao mandatário ainda sofrerem preconceito por dizerem que são de Casal di Principe.
"Vocês devem estar felizes por terem nascido nessa terra, que soube fazer um verdadeiro e grande renascimento. Precisam ter orgulho de serem conterrâneos de don Diana. Precisam rejeitar, desde a época da escola, a exploração, a violência, a prepotência, o bullying, que são partes da cultura da mentalidade mafiosa. Lembrem sempre que vocês são a geração da esperança, aquela que don Diana passou como testemunha da legalidade", finalizou.
Milão
Além do evento em Casal di Principe, outras manifestações ocorreram na Itália para lembrar de todas as vítimas da máfia.
A maior delas até o momento ocorreu em Milão, onde cerca de 50 mil pessoas participaram de um cortejo até a Praça do Duomo.
No local, todos os nomes daqueles que morreram nas mãos dos mafiosos na cidade foram lidos. (ANSA).