(ANSA) - O navio de resgate da ONG Open Arms chegou nesta terça-feira (22) ao porto de Marina di Carrara, na região da Toscana, com 196 migrantes a bordo, em meio ao confronto entre os governos nacional e locais sobre acolhimento.
Todas as pessoas serão distribuídas em instalações na Toscana (80), Piemonte (71) e Úmbria (35). Este é o sexto desembarque de migrantes no porto desta região este ano.
O prefeito de Carrara, Guido Aprea, que se encontra no porto para o desembarque dos migrantes, disse que algumas das pessoas a bordo do navio, "em princípio, têm patologias típicas dos territórios, como sarna, algumas também com varicela".
Enquanto isso, na ilha de Lampedusa, no sul da Itália, houve mais 941 chegadas ao centro de acolhimento que atualmente abriga mais de 2 mil migrantes, apesar de ter uma capacidade oficial de apenas 400.
De acordo com representantes do local, ao menos 250 dos migrantes presentes no abrigo estão supostamente prontos para partir para destinos na Sicília.
Autoridades italianas revelaram que o número de migrantes que chegaram ao país desde o início do ano ultrapassa os 105 mil. Somente no último fim de semana, o fluxo foi constante e quase 2 mil menores não acompanhados pisaram no solo da península.
Ao todo, a Itália recebeu 1.902 crianças e adolescentes, um número que eleva o total de 1º de janeiro para 12.188.
"Em meados de agosto, o número de crianças desacompanhadas que chegavam por via marítima era o mesmo de todo o ano de 2021. A pressão migratória deste verão não deve nos fazer perder de vista que se trata de menores que não têm adultos de referência e muitas vezes têm atrás de si histórias e percursos terríveis.
É seu direito ser acolhido e por isso os municípios devem estar em condições de o fazer da melhor forma possível", afirmou a representante da autoridade para a infância e adolescência, Carla Garlatti.
O excesso de chegadas provocou uma polêmica entre o Ministério do Interior e os administradores locais sobre a gestão de menores. Fontes da pasta, inclusive, chamaram de "surreal" as reclamações dos governos para não acolher as pessoas.
Na região do Vêneto, o governador Luca Zaia revelou que já acolheu 9 mil pessoas em relação a este fluxo migratório. "Nunca rejeitamos ninguém, mas estamos preocupados porque não há mais vagas e a situação corre o risco de se tornar perturbadora".
Para ele, a solidariedade deve ser prestada com seriedade, "mas há a questão da sustentabilidade. Há um nível além do qual não podemos garantir a dignidade".
Zaia também voltou a criticar a Europa, reforçando que o bloco "está totalmente ausente". "A Itália não pode tornar-se o ponto fraco do continente", concluiu. (ANSA).