(ANSA) - Um padre de uma igreja de Casalnuovo, em Nápoles, foi alvo de polêmica nesta quarta-feira (27) após organizar uma missa em homenagem ao líder mafioso Matteo Messina Denaro, chefe da Cosa Nostra que morreu em decorrência de um câncer no cólon.
Dom Tommaso Izzo, sacerdote da paróquia de Licignano "Maria SS Annunziata", anunciou nas redes sociais da igreja uma celebração pela memória do "padrino", que passou quase 30 anos foragido e foi condenado por envolvimento em dezenas de assassinatos, mas posteriormente cancelou a cerimônia devido às críticas recebidas.
A Comissão Parlamentar Antimáfia classificou a atitude do religioso como "horrível" e também "em contraste com o processo de excomunhão que a igreja iniciou para os mafiosos". Além disso, afirmou que a ideia "merece a condenação incondicional de todos aqueles que acreditam no Estado".
Já o deputado Francesco Emilio Borrelli, a quem os fiéis da região se dirigiram para relatar o incidente, definiu a iniciativa como "adoração ao mal" e anunciou uma manifestação em frente à igreja nesta quinta-feira (28).
O prefeito de Casalnuovo, Massimo Pelliccia, estava disposto a interromper a celebração com um decreto para evitar "este massacre".
O padre, por sua vez, retirou as publicações das redes sociais e pediu desculpas, explicando que apenas aceitou o pedido de uma fiel. "Qualquer pessoa pode pedir para rezar por um falecido, mas cancelamos a celebração por prudência pastoral. E não fui eu quem anunciou a missa no Facebook, mas um colaborador da paróquia", declarou ele.
O bispo de Acerra, Antonio Di Donna, também expressou sua indignação e afirmou que o caso é "lamentável e independente da paróquia de Casalnuovo", ressaltando "a gravidade em uma diocese que sempre esteve na linha de frente com os seus párocos na luta contra o crime mafioso".
Em meio à polêmica, diversos fiéis pediram a retirada de Izzo da paróquia e fizeram um apelo para que uma missa seja realizada em memória das vítimas da Cosa Nostra, incluindo o pequeno Giuseppe Di Matteo, que foi estrangulado e dissolvido em ácido com 12 anos.
Izzo, no entanto, não foi o único preocupado com a alma de Messina Denaro. Ontem (26), três freiras foram até o necrotério do hospital de L'Aquila para rezar diante do corpo do mafioso, mas foram barradas pela polícia.
"Sabemos muito bem quem ele foi e os crimes que cometeu, mas ainda é um filho de Deus. Foi-lhe negado um funeral religioso, tudo bem. Mas lembre-se que toda alma tem o direito de ser salva", lamentaram as irmãs ao jornal Corriere della Sera.
O líder mafioso, que passou quase 30 anos foragido, morreu aos 61 anos de idade em um hospital de L'Aquila, no centro da Itália, no último dia 25 de setembro.
Ele enfrentava um tumor no cólon havia três anos e estava internado desde agosto, cercado por um forte esquema de segurança. Na última sexta (22), os médicos já haviam declarado ele tinha entrado em coma irreversível. Seu corpo foi sepultado nesta quarta (27) em um cemitério de Castelvetrano, na Sicília.(ANSA).