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Israel ordena evacuação de civis da Cidade de Gaza

País recebeu visitas de expoentes estrangeiros

Redazione Ansa

(ANSA) - Israel ordenou a evacuação de todos os civis da Cidade de Gaza, prenunciando o início de uma possível incursão terrestre no território.

Em uma nota divulgada nesta sexta-feira (13), o Exército israelense afirmou que os civis palestinos devem se deslocar para o sul da Faixa de Gaza e só poderão voltar "quando for permitido".

"As Forças de Defesa Israelenses [IDF] pedem a evacuação de todos os civis da Cidade de Gaza em direção ao sul para sua própria segurança e proteção", diz o comunicado, que acusa o "grupo terrorista Hamas de iniciar uma guerra contra o Estado de Israel".

"Os terroristas do Hamas se escondem na Cidade de Gaza, dentro de túneis, sob as casas e dentro de edifícios habitados por inocentes que são usados como escudos humanos", acrescentam as IDF, que ainda prometem "fazer grandes esforços para evitar atingir civis".

A evacuação em massa pode englobar 1,1 milhão de pessoas, cerca de metade dos habitantes da Faixa de Gaza, e a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que é "impossível" realizar esse deslocamento "sem causar consequências humanitárias devastadoras".

O Hamas, por sua vez, pediu que a população da Cidade de Gaza não fuja e definiu o anúncio de Israel como "propaganda".

Ainda assim, milhares de palestinos já estão se deslocando em direção ao sul do território, a maioria deles a pé, para escapar de bombardeios. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa) também mudou seu centro operacional em Gaza após a ordem de evacuação.

"Isso só causará níveis de miséria sem precedentes e empurrará ainda mais a população de Gaza rumo ao abismo", disse o chefe da Unrwa, Philippe Lazzarini.

De acordo com ele, mais de 423 mil pessoas já deixaram suas casas na Faixa de Gaza, que "está se tornando rapidamente um inferno". "O tamanho e a velocidade da crise humanitária em curso são assustadores", acrescentou.

Além disso, médicos, enfermeiros e pacientes do Hospital de Shifa, um dos principais da Cidade de Gaza, ficarão no local apesar da ordem de evacuação.

"Falei com colegas que trabalham para o Ministério da Saúde em Gaza, e os médicos e diretores dos maiores hospitais, incluindo o de Shifa, com quem o Unicef colabora no departamento neonatal, nos disseram que não conseguem remover os doentes, as crianças que estão nas incubadoras, as parturientes, e decidiram ficar ali", contou Lucia Elmi, representante especial do Unicef para a Palestina e que está em Jerusalém, à ANSA.

Por sua vez, a Liga Árabe afirmou que o "deslocamento forçado" da população palestina "é um crime", enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse ser "impossível" evacuar pacientes em condições vulneráveis dos hospitais da região.

Apenas na última madrugada, as forças de Israel bombardearam 750 alvos ligados ao Hamas, incluindo túneis subterrâneos, depósitos de armas e residências de expoentes do grupo.

Até o momento, o número de mortos em decorrência dos ataques israelenses na Faixa de Gaza é de cerca de 1,8 mil, enquanto outros 6,4 mil estão feridos. Já o país judeu reporta 1,3 mil vítimas dos ataques cometidos pelo Hamas no fim de semana.

Nesta tarde, o Hamas denunciou que o Exército de Israel lançou um bombardeio contra palestinos que se deslocavam em direção ao sul de Gaza em carros e caminhões.

A informação foi divulgada pela agência palestina Maan, citando o Ministério do Interior de Gaza, e confirma que a ofensiva deixou pelo menos 70 mortos e 200 feridos.

"Quatro bombas caíram sobre pessoas deslocadas ao longo da estrada Salah al-Din", acrescenta a agência.

Também nesta sexta, o Hamas publicou um vídeo, cuja autenticidade não foi verificada, em que aparecem os milicianos armados tendo nos braços diversas crianças israelenses reféns, enquanto um recém-nascido é ninado em um carrinho.

A organização afirma ter feito as filmagens em um kibbutz no primeiro dia do ataque. 

Netanyahu

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, fez um pronunciamento nesta sexta-feira e declarou: “Aquele sábado maldito ficará esculpido na história de Israel. Não esqueceremos. Estamos atingindo os nossos inimigos com uma força sem precedentes. Os nossos inimigos começaram a pagar o preço, não sabem o que acontecerá, é só o início. Destruiremos e erradicaremos o Hamas, chegaremos à vitória”.

Ele lembrou também que falou com o presidente dos EUA, Joe Biden, e outros líderes mundiais, que demonstraram amplo apoio a Israel: “Sairemos desta guerra mais fortes”.

Cisjordânia e Líbano

Pelo menos 14 palestinos foram mortos pelo Exército de Israel na Cisjordânia nesta sexta-feira, em meio a confrontos durante manifestações em apoio à Faixa de Gaza. O balanço foi fornecido pelo Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que reportou incidentes em Ramallah, Nablus, Tulkarm, Hebron, Beit Ula e Tammun.

Por outro lado, o Exército israelense lançou disparos de artilharia contra o Líbano, em resposta a uma “explosão na barreira de segurança adjacente à comunidade de Hanita", na fronteira entre os dois países. Além disso, Israel relatou uma “suposta infiltração de terroristas” em seu território.

Pouco depois, o grupo xiita libanês Hezbollah difundiu um comunicado em que reivindica ataques contra quatro localidades em Israel.

Segundo o movimento, a ação foi uma "resposta aos ataques israelenses da tarde desta sexta nos arredores de algumas cidades do sul do Líbano". "Os combatentes da resistência islâmica atacaram os seguintes locais: Al-Abad, Miskvam, Ramia e Alan", diz a nota.

Jornalista morto

Um repórter foi morto após ser atingido por bombardeios no sul do Líbano, na fronteira com Israel, informou a Al Manar, TV do Hezbollah.

De acordo com o veículo, trata-se de Issam Abdallah, um fotojornalista libanês que trabalhava para a agência de notícias Reuters, que ainda não confirmou a informação. Além de Abdallah, outros três profissionais, sendo dois jornalistas libaneses da Al-Jazeera e um da agência de notícias francesa AFP, ficaram feridos.

Os repórteres cobriam, em comboio, uma série de ataques na área da fronteira quando foram atingidos por um dos bombardeios israelenses perto de Alma Shaab, informou a Al-Jazeera. O momento foi registrado ao vivo pela Reuters. Nas imagens, é possível ouvir uma mulher - a quinta jornalista - gritando logo após uma forte explosão: "O que está acontecendo? Não consigo sentir minhas pernas".

Visitas

No sétimo dia do atual conflito com o Hamas, Israel recebeu nesta sexta-feira uma série de expoentes estrangeiros, incluindo o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, as presidentes da Comissão Europeia (poder Executivo da UE), Ursula von der Leyen, e do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani.

"O Hamas é como o Estado Islâmico, como a Gestapo [polícia secreta da Alemanha nazista], faz as mesmas coisas, são terroristas assassinos que estão usando o povo palestino como escudo", declarou Tajani em visita ao sul de Israel.

"É preciso evitar que haja outras mortes de inocentes", acrescentou o ministro, garantindo acreditar que Israel terá uma "reação proporcional". Segundo o vice-premiê, a "prioridade da Itália" é resgatar reféns do Hamas em Gaza - pelo menos três ítalo-israelenses estão desaparecidos desde sábado (7).

Tajani também se reuniu com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, que definiu a Itália como uma "importante aliada". "Agradeço ao meu bom amigo Tajani pelo apoio e solidariedade e por ter vindo ao sul para mostrar que a Itália está com o povo de Israel e defende nosso direito de proteger nossos cidadãos contra a organização terrorista Hamas", declarou o chanceler.

Pouco depois, Tajani ressaltou que a situação é "muito complicada" e que há "uma grande concentração de tropas israelenses na fronteira com a Faixa de Gaza". "Vi centenas de tanques prontos a intervir, mas a evacuação está em curso", disse.

Já Ursula von der Leyen declarou que "o objetivo do Hamas é erradicar a vida hebraica da Terra". "Este é o ataque mais feroz contra os judeus desde os tempos do Holocausto. Pensamos que não seria mais possível ocorrer, mas aconteceu. Diante desta tragédia indizível, há somente uma resposta possível: a Europa está ao lado de Israel. E Israel tem o direito de se defender. Aliás, tem o dever de defender seu povo", afirmou a líder europeia, durante encontro com o premiê Benjamin Netanyahu.

Por sua vez, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou nesta sexta-feira à Jordânia, onde foi recebido pelo rei Abdullah II. Na reunião, o soberano destacou a necessidade de abrir corredores humanitários para permitir a entrega de ajudas médicas e socorro a Gaza, protegendo os civis e trabalhando para encerrar a escalada do conflito.

Ele também se colocou contra qualquer tentativa de deslocar com uso da força os palestinos dos territórios, pedindo que seja evitada uma crise nos países vizinhos e a exacerbação da questão dos refugiados.

Depois, Blinken encontrou o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que declarou que "a segurança e a paz serão obtidos reconhecendo ao povo palestino seus direitos legítimos". Já o secretário de Estado dos EUA afirmou que o Hamas não representa o povo palestino e destacou seu "legítimo direito à dignidade, à liberdade, à justiça e à autodeterminação".

Ainda nesta sexta, Blinken foi ao Catar, onde encontrou o emir Tamim bin Hamad al-Thani. Em Doha, os dois líderes falaram sobre o conflito e a necessidade de persuadir o Hamas a soltar os reféns israelenses (ANSA)

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