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Egito culpa Israel por não abertura de fronteira em Rafah

Países aguardam liberação para evacuar cidadãos na Faixa de Gaza

Redazione Ansa

(ANSA) - O governo do Egito culpou nesta segunda-feira (16) Israel pela não abertura do posto de fronteira de Rafah, na Faixa de Gaza, que permitirá a evacuação de civis, incluindo 28 brasileiros, em direção ao país africano.

Segundo o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Shoukry, o governo israelense ainda "deve cumprir os passos necessários" para permitir o trânsito de palestinos e cidadãos de outras nacionalidades pela fronteira.

O posto de Rafah registrou a movimentação de veículos da Organização das Nações Unidas (ONU) durante a manhã, mas segue fechado.

Veículos de imprensa chegaram a noticiar a abertura da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, mas Israel negou a informação logo em seguida. "Não há até o momento um cessar-fogo nem a entrada em Gaza de ajudas humanitárias em troca da saída de cidadãos estrangeiros", disse o gabinete do premiê Benjamin Netanyahu.

O governo brasileiro espera a abertura do posto de Rafah para resgatar 28 cidadãos e não é o único que vive esse cenário. "Hoje esperamos tirar da Faixa de Gaza os 10 a 12 italianos que vivem ali", declarou o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani.

Roma também trabalha para a libertação de ítalo-israelenses que podem estar entre os cerca de 200 reféns mantidos pelo Hamas em Gaza, sendo um casal e um jovem que participava da rave atacada pelo grupo fundamentalista em 7 de outubro. "Naturalmente, trabalhamos pela libertação de todos os reféns através da nossa diplomacia", ressaltou Tajani.

Até o momento, o conflito já contabiliza mais de 4,2 mil mortos, sendo 2,8 mil do lado palestino e 1,4 mil do lado israelense. Mais de 13 mil pessoas ficaram feridas. Entre as vítimas estão 14 funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa) mortos em bombardeios israelenses em Gaza.

Ataque em Rafah

Fontes da Faixa de Gaza denunciaram um ataque de Israel no posto de fronteira de Rafah, cidade onde centenas de cidadãos estrangeiros aguardam evacuação através do Egito.

Segundo essas fontes, o bombardeio atingiu um abrigo no extremo-sul da Faixa de Gaza, após a multidão que se aglomerava diante da fronteira na esperança de entrar em solo egípcio ter se dispersado.

Se confirmado, esse seria o quinto ataque israelense em Rafah desde o início do atual conflito com o Hamas, em 7 de outubro.

"Grande erro"

No fim da semana passada, Israel ordenou a evacuação dos civis da Cidade de Gaza, que tem mais de 1 milhão de habitantes, indicando o início iminente de uma possível incursão terrestre contra o território palestino.

Questionado sobre essa hipótese, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que uma eventual ocupação israelense em Gaza seria um "grande erro". Em entrevista ao programa "60 minutes", o mandatário também ressaltou que o Hamas "não representa todos os palestinos".

Segundo o jornal Haaretz, que cita uma "fonte israelense", Biden pode visitar o país judeu na próxima quarta-feira (18), mas a informação ainda não foi confirmada oficialmente.

O presidente foi convidado por Netanyahu e cancelou uma viagem programada para o estado do Colorado nesta segunda, ficando em Washington para reuniões sobre segurança nacional.

Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, voltou a Israel após apenas quatro dias de sua última visita para negociações sobre a crise.

Blinken e Netanyahu chegaram a se refugiar em um bunker durante cinco minutos após um soar das sirenes de alarme aéreo em Tel Aviv durante a reunião entre os dois.

O chefe da diplomacia americana e o líder israelense já deixaram o refúgio e retomaram a conversa no centro de comando do Ministério da Defesa israelense, segundo um porta-voz do Departamento de Estado americano.

Reféns

O Hamas estaria disposto a libertar os reféns sob seu poder caso Israel interrompa os bombardeios contra a Faixa de Gaza.

A informação foi dada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, citado pelo jornal Times of Israel. Segundo o dirigente iraniano, expoentes da facção palestina "disseram que estão prontos para tomar as medidas necessárias para a libertação de civis".

"Mas, do ponto de vista deles, tais medidas exigem preparativos impossíveis de se realizar sob os bombardeios diários dos sionistas contra várias partes de Gaza", acrescentou Kanaani.

O Irã é aliado do Hamas, mas nega qualquer envolvimento com a incursão sem precedentes realizada pelo grupo em Israel em 7 de outubro.

Até o momento, o governo israelense negou qualquer hipótese de cessar-fogo com o Hamas e promete erradicar o poder militar da organização.

O porta-voz da ala militar do Hamas, Abu Obeida, declarou que há entre 200 e 250 reféns israelenses em Gaza. Ele disse que não há um número preciso pelas “dificuldades práticas e de segurança”.

Em entrevista a uma TV de Gaza, ele disse que 200 estão com o Hamas e outros 50 nas mãos de “facções da resistência e em outros lugares”.

“Os cidadãos estrangeiros são nossos hóspedes e serão libertados quando as condições de campo permitirem”, afirmou.

Khaled Meshal, um dos líderes e ex-chefe do gabinete político do Hamas, afirmou que “as considerações sobre os soldados prisioneiros e civis são diferentes”.

Segundo ele, “Israel dá valor só ao número de prisioneiros. Temos suficientes para garantir a soltura de todos os palestinos detidos”.

“As forças de resistência de Gaza estudaram todos os cenários, inclusive uma invasão por terra. Não é a primeira vez em que Gaza ameaça esmagar o Hamas, e não nos desencoraja nem nos assusta”, disse.

O Hamas ainda divulgou o primeiro vídeo de uma refém israelense.

“Me chamo Maya Sham, tenho 21 anos e sou de Shoham. Neste momento estou em Gaza. No sábado de manhã cedo estava voltando de uma festa na área de Sderot. Fui gravemente ferida na mão. Me levaram a Gaza e me levaram ao hospital por três horas. Cuidaram de mim, fornecendo remédios”, disse.

“Peço apenas que me levem para casa o mais rápido possível para a minha família, meus pais, meus irmãos. Por favor, me deixem sair daqui o mais rápido possível”, disse a refém, que também tem cidadania francesa.

Um porta-voz do Hamas também afirmou que os bombardeios israelenses em Gaza causaram, até o momento, as mortes de 22 reféns sequestrados desde o início dos ataques.

“A brutal agressão sionista contra casas levou à perda das vidas de 22 prisioneiros sionistas”, disse ele, segundo uma TV libanesa.

Logo antes, o chefe de relações políticas e internacionais do Hamas, Basem Naim, declarou à Sky News que “é impossível” verificar se os 199 civis israelenses reféns ainda estão vivos, porque Gaza está sob fortes ataques: “Dissemos aos mediadores que vamos libertar todos os civis quando a agressão ao nosso povo acabar”;

"Pausa humanitária"

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) denunciou nesta segunda-feira (16) no Twitter que "as crianças e as famílias de Gaza estão praticamente sem água": "Agora estão sendo obrigadas a usar a água suja dos poços, aumentando o risco de doenças".

"Precisamos de uma pausa humanitária imediata para garantir o acesso seguro e sem obstáculos às crianças e às famílias em Gaza", escreveu a agência.

(ANSA)

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