(ANSA) - O Egito sedia neste sábado (21), na capital Cairo, uma cúpula de paz sobre o conflito no Oriente Médio, evento que reúne líderes de diversos países, mas não conta com a presença de Israel nem de representantes de alto escalão dos Estados Unidos.
A reunião acontece no dia da abertura da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito em Rafah para a entrada das primeiras ajudas humanitárias à população palestina desde o início da guerra, porém enquanto o número de mortos segue crescendo.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, 4.385 pessoas já morreram em bombardeios de Israel, sendo 1.756 menores de idade e 976 mulheres, enquanto outras 13.561 ficaram feridas.
O governo israelense, por sua vez, reporta que mais de 1,4 mil indivíduos - em sua maioria civis - foram assassinados durante a incursão sem precedentes deflagrada pelo Hamas em 7 de outubro, ataque que deu início ao atual conflito.
"Além da fronteira, há 2 milhões de pessoas que precisam de ajuda. Sou grato ao Egito pelo papel que teve e lanço um apelo por uma trégua humanitária", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a cúpula do Cairo. "É hora de colocar fim a esse pesadelo que ameaça as crianças, é preciso aplicar o direito internacional e evitar ataques contra civis, escolas e hospitais", acrescentou.
Por sua vez, o presidente do Conselho Europeu (principal órgão político da União Europeia), Charles Michel, cobrou esforços para interromper o conflito e proteger os civis, porém reiterou o "direito de defesa de Israel, que deve ser exercido no quadro do direito internacional". "É nossa responsabilidade trabalhar sem descanso para evitar a disseminação desse conflito", disse.
Já a premiê da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que o "terrível ataque do Hamas atingiu civis indefesos com uma brutalidade sem precedentes" e deve ser condenado "sem ambiguidade".
"A impressão que eu tenho é que o objetivo do Hamas fosse obrigar Israel a uma reação contra Gaza para criar um abismo intransponível entre países árabes, Israel e o Ocidente, comprometendo a paz para todos os cidadãos envolvidos, inclusive aqueles que ele diz defender. Os alvos somos todos nós, e cair nessa armadilha seria muito, muito estúpido", acrescentou.
Meloni também pediu a libertação imediata dos 210 reféns mantidos pelo Hamas, incluindo italianos, e defendeu esforços para evitar a escalada da crise e promover a solução dos dois Estados.
Além disso, alertou que um país pode sempre reivindicar o "próprio direito a se defender", mas "não pode jamais ser motivado por sentimentos de vingança". "Um Estado funda sua reação em precisas razões de segurança, e estou confiante de que essa seja a vontade de Israel", ressaltou.
Durante a cúpula, a premiê da Itália se reuniu com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em encontro "longo e cordial", segundo o Palácio Chigi.
"Ao longo da conversa, foi confirmado o apoio da Itália à legítima autoridade representativa do povo palestino, o qual, certamente, não se identifica com o Hamas", diz uma nota do governo italiano.
Em seguida, Meloni foi a Israel para se encontrar com o premiê Benjamin Netanyahu e o presidente Isaac Herzog.
O Brasil também foi convidado para a cúpula do Cairo e enviou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que condenou os "ataques terroristas do Hamas", mas também cobrou de Israel o "respeito ao direito internacional". (ANSA)
Leggi l'articolo completo su ANSA.it