(ANSA) - O grupo fundamentalista islâmico Hamas acusou neste domingo (12) o Exército de Israel de destruir um prédio do maior hospital de Gaza, o Al-Shifa.
"O edifício de dois andares do departamento de doenças cardíacas foi completamente destruído por um ataque aéreo", declarou o vice-ministro da Saúde do Hamas, Youssef Abou Rich, à imprensa internacional, atribuindo o ataque aos israelenses.
Uma testemunha presente no hospital confirmou o ataque e os danos provocados pelo bombardeio.
Mais cedo, as tropas de Israel garantiram a abertura do corredor humanitário até às 16h (hora local) para a população palestina deixar a região e deslocar-se do norte para o sul da Faixa, informou o porta-voz militar Avichai Adraee.
Ele ainda explicou que haverá um corredor seguro do hospital Al-Shifa até a cidade de Gaza para aqueles que desejam chegar a Salah ad Din e que haverá uma pausa "tática" nas operações militares no campo de refugiados de Jabalya, ao norte da faixa e no bairro vizinho de Izbat Malien.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, anunciou que cerca de 200 mil residentes da Cidade de Gaza abandonaram a cidade só nos últimos três dias, sugerindo que o Hamas está a perder o controle sobre a parte norte da Faixa.
Por sua vez, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) anunciou "um número significativo de mortos e feridos" em um "bombardeio" contra a sua sede na Cidade de Gaza, evacuada pelos seus funcionários e agora ocupada por centenas de palestinos deslocados.
"A tragédia contínua de civis mortos e feridos presos neste conflito deve acabar", afirmou o PNUD em comunicado. "Os civis, a infraestrutura civil e a inviolabilidade das instalações da ONU devem ser respeitados e protegidos em todos os momentos".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o governo de Israel não protege os civis em Gaza.
“As leis da guerra preveem a proteção dos civis e o exército israelense não o faz em Gaza”, disse ele, em entrevista à CNN. “Pelos números de vítimas civis fica claro que isso não está acontecendo”, reiterou.
Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou a Organização das Nações Unidas após a declaração de Guterres.
“O secretário-geral da ONU criticou Israel em vez daqueles selvagens do Hamas”, declarou ele em entrevista à CNN.
“Gostaria que a comunidade internacional nos apoiasse e atacasse o mal puro que o Hamas representa”, acrescentou Netanyahu.
Itália
Em discurso neste domingo, no Congresso Nacional da Federação das Associações Itália-Israel, o vice-premiê Matteo Salvini enfatizou que o governo italiano optou "por estar com a democracia, com a paz, com os direitos, com Israel sem nenhum 'se' ou 'mas'".
"Defender os direitos do outro lado do mundo significa defender o direito dos nossos filhos a viverem em paz. Fingir que nada aconteceu porque não está acontecendo em sua casa é a melhor maneira de trazer isso para nossa casa", afirmou.
Sobre a postura do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Salvini explicou que "todos podem ter sua própria opinião. Contudo, uma desvantagem é opor-se a uma ação governamental enquanto existe um fio tênue que passa do governo para o estado e para todo o povo".
"Uma nova consciência nasce do desastre humano de 7 de outubro: Os italianos não podem fingir que nada aconteceu. Aqueles que defendem Israel defendem a Itália, a vida, os direitos civis", acrescentou.
Por fim, ele atacou o governo iraniano: "Quando o Irã apoia e reivindica o direito de cancelar o Estado de Israel, o Irã deve ser isolado da comunidade internacional e civil pela sociedade civil".
Brasil
Após diversas tentativas frustradas para deixar a Faixa de Gaza, 32 brasileiros e familiares chegaram ao Egito neste domingo (12), informou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o Itamaraty, o grupo é formado por 22 brasileiros e 10 palestinos familiares dos cidadãos, sendo 17 crianças, nove mulheres e seis homens, e aguardava há mais de 30 dias a permissão das autoridades de Israel, Gaza e Egito para retornar ao Brasil.
Após completar os procedimentos burocráticos, eles vão almoçar e serão embarcados em veículos fretados pela Embaixada Brasileira no Egito rumo ao Cairo. A viagem terá duração de cerca de seis horas e conta com a presença de diplomatas brasileiros.
"A equipe da embaixada apoiou os trâmites de entrada dos brasileiros no Egito, e estima em seis horas o tempo do trajeto rodoviário até o Cairo, onde o grupo pernoitará", diz o Itamaraty.
A expectativa, segundo o governo brasileiro, é que "o voo da FAB de repatriação para o Brasil deverá decolar da capital egípcia na manhã de segunda-feira (13)".
Nas redes sociais, Lula parabenizou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e a FAB pela "dedicação e competência exemplares na Operação Voltando em Paz, que buscou e acolheu os brasileiros que vivem na região do conflito e desejavam retornar ao Brasil".
Com o retorno deste grupo, a operação do governo terá transportado um total de 1.477 passageiros, além de 53 animais domésticos. (ANSA).