(ANSA) - Por Igor Greganti - A premeditação é uma variável crucial que, no futuro julgamento do italiano Filippo Turetta, acusado de ter assassinado "com ferocidade" Giulia Cecchettin, poderia levá-lo, se reconhecida, a uma condenação à prisão perpétua.
Para chegar a esse agravante, os investigadores estão trabalhando com vários elementos, incluindo a compra online, poucos dias antes, da fita adesiva que o ex-namorado teria usado para evitar que a jovem de 22 anos gritasse durante o ataque, que durou cerca de 25 minutos.
Já no interrogatório diante da juíza de instrução de Veneza, Benedetta Vitolo, que não ocorrerá antes do início da próxima semana, os promotores podem apresentar novas acusações contra Turetta, incluindo ocultação de cadáver por ter escondido o corpo em uma área montanhosa na província de Pordenone.
Por enquanto, a ordem de prisão europeia, que levou Turetta à prisão na Alemanha após uma fuga de mil quilômetros na noite entre sábado e domingo passados, é baseada nos crimes de homicídio agravado pelo relacionamento afetivo terminado, pois Giulia deixou Filippo no verão passado; e sequestro.
No entanto, os promotores podem apresentar a nova agravante e o outro crime assim que o jovem de 22 anos estiver diante do juiz.
Haveria mais indícios de que Turetta poderia já ter decidido, diante da firme vontade de Giulia de não retomar o relacionamento, matá-la após o jantar dos dois no centro comercial de Marghera.
Esses indícios incluem uma suposta visita à zona industrial de Fossò, onde, depois de esfaqueá-la, por volta das 23h40, ele a teria perseguido até atirá-la no chão, fazendo-a bater a cabeça na calçada, e também as facas que ele teria levado consigo e os plásticos colocados sobre o corpo escondido, além da compra da fita adesiva.
Enquanto isso, Turetta chegará neste sábado (25) à Itália em um voo militar de Frankfurt e será levado para a prisão de Verona, como decidido pelo Departamento de Administração Penitenciária, em vez da prisão de Veneza, porque possui uma seção de "protegidos", destinada a detentos como agressores sexuais e autores de crimes "socialmente repreensíveis", excluindo qualquer contato com outros tipos de detentos. O jovem também será vigiado 24 horas por dia para evitar "gestos auto lesivos".
Nos documentos da investigação, conduzida pelos carabineiros e coordenada pelo procurador Bruno Cherchi e pelo promotor Andrea Petroni, descobriu-se que o telefone de Giulia, que até agora não foi encontrado, conectou-se pela última vez por volta das 22h45 a uma torre de Marghera, perto do centro comercial onde os dois jovens jantaram.
A partir desse momento, teria sido desligado (o de Turetta ainda estava conectado à torre de Fossò às 23h29), mesmo quando a estudante, prestes a se formar, foi atacada pela primeira vez no estacionamento a 150 metros de casa.
Uma cena que um vizinho testemunhou em parte, alertando o telefone de emergência, sem, no entanto, conseguir relatar a placa do carro, o que fez com que nenhuma patrulha fosse enviada.
No dia seguinte, Gino, o pai de Giulia, apresentou uma queixa por desaparecimento, escrevendo que temia pela segurança da filha.
O pai explicou que ela o havia deixado por seus excessivos ciúmes. E que, depois do fim do relacionamento, ainda se encontravam: "Porque, segundo minha filha, o ex-namorado estava deprimido e, portanto, com medo de que ele pudesse cometer algum gesto precipitado, ela tentava ficar perto dele".
Ele, que, segundo o juiz, se escondeu atrás de "uma vida de aparente normalidade", antes de cometer aquele "ato louco". Ele pode decidir falar diante do juiz. O advogado Giovanni Caruso, examinará os autos e considera a possibilidade de um pedido de perícia psiquiátrica. (ANSA).