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Hamas liberta primeiro grupo de reféns em acordo com Israel

Pacto também contempla soltura de palestinos

Redazione Ansa

(ANSA) - O Hamas libertou nesta sexta-feira (24) os primeiros 13 reféns israelenses no âmbito do acordo que deu início a uma trégua de quatro dias no Oriente Médio.

O grupo foi entregue à Cruz Vermelha, que o levou para o Egito através do posto de fronteira de Rafah. Segundo o diretor do Magen David Adom, Ely Bin, foram recebidos 24 reféns, sendo 13 israelenses e outros 11 estrangeiros, e todos “estão bem”. 

Logo depois,  39 palestinos, entre mulheres e crianças, mantidos como prisioneiros em Israel também foram libertados como parte do pacto com o Hamas.

“A libertação de 39 mulheres e crianças detidas nas prisões israelenses é confirmada na implementação dos compromissos do primeiro dia do acordo”, escreveu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, nas redes sociais.

Mediado por Catar, Egito e Estados Unidos, o acordo prevê inicialmente a libertação de 50 reféns capturados pelo grupo fundamentalista islâmico nos atentados de 7 de outubro - sendo ao menos 10 por cada dia de cessar-fogo - e de 150 palestinos detidos em Israel.

O pacto ainda contempla a entrada de pelo menos 300 caminhões com ajuda humanitária na Faixa de Gaza, incluindo combustível para alimentar os geradores de hospitais e gás doméstico.

No entanto, o Exército israelense advertiu que os palestinos que se deslocaram para o sul do enclave não podem retornar para o norte. Segundo o jornal Haaretz, militares mataram duas pessoas e feriram pelo menos 15 indivíduos que tentavam voltar para a parte setentrional da Faixa de Gaza.

Já em Israel, sirenes de alarme soaram em Eilat, no extremo-sul, devido à suposta infiltração de um "drone hostil" enviado por rebeldes houthis do Iêmen, de acordo com a imprensa local, e um foguete teria sido interceptado pelo sistema de defesa antiaérea Iron Dome perto da fronteira com Gaza.

O conflito foi deflagrado após os atentados sem precedentes cometidos pelo grupo islâmico em 7 de outubro, que deixaram 1,2 mil mortos, em sua maioria civis. Desde então, a resposta israelense já matou 14,9 mil palestinos, sobretudo crianças e mulheres. 

Palestinos

Um mar de pessoas recebeu as palestinas libertadas nesta sexta-feira (24) pelas prisões israelenses quando chegaram, a bordo de um ônibus da Cruz Vermelha, no posto de controle de Bitunya (Ramallah). 

Ventenas de manifestantes entoaram "Gaza, Gaza" e também slogans em apoio à ala militar do Hamas. 

Posteriormente, elas seguirão para suas casas em várias cidades da Cisjordânia. Uma manifestação de boas-vindas já foi organizada para elas em Nablus. 

Expressões de alegria também ocorreram em Jerusalém Oriental, no bairro de Beit Hanina, com a chegada de seis ex-detentas libertadas pela polícia israelense.

Uma das prisioneiras palestinas libertadas por Israel como parte do acordo com o Hamas, Zeina Abdo, relatou ter sofrido retaliações após os ataques de 7 de outubro.

“Após 7 de outubro, as autoridades israelenses nos agrediram, nos lançaram gás lacrimogêneo e todos nós fomos colocados em isolamento", afirmou.

Ela tinha 16 anos quando foi colocada em prisão domiciliar antes de ser transferida para a prisão de Ofer, na Cisjordânia.

Agora, com 18 anos, ela declarou à Al Jazeera ter sido "agredida e colocada em isolamento" após o dia do ataque do Hamas.

“Durante o período de isolamento, não víamos o sol, nos privaram de comida, não havia colchão e muitas de nossas roupas foram jogadas no lixo".

Tailândia 

O Hamas também libertou 12 cidadãos tailandeses que eram mantidos como reféns na Faixa de Gaza, informou o Ministério das Relações Exteriores do país asiático.

Em publicação nas redes sociais, o primeiro-ministro tailandês, Srettha Thavisin, divulgou que os funcionários da embaixada irão buscar o grupo em breve.

"Foi confirmado pelo Departamento de Segurança e pelo Ministério das Relações Exteriores que 12 reféns tailandeses foram libertados. Os funcionários da embaixada estão a caminho para buscá-los dentro de uma hora”, escreveu.

Estes reféns, que estão no território palestino desde o último 7 de outubro, não fazem parte do acordo entre Israel e Hamas.

Alemanha

Entre os reféns libertados nesta sexta pelo Hamas, há quatro pessoas que, segundo suas famílias, possuem tanto a cidadania israelense quanto a alemã.

De acordo com o Bild, as reféns com cidadania alemã são todas mulheres: "Doron Asher Katz (34 anos) e suas filhas Raz (4 anos) e Aviv (2 anos), além de Margalit Berta Mozes (79 anos). Todas as quatro foram sequestradas do kibbutz Nir Oz".

EUA

Ao falar sobre as primeiras libertações de reféns do Hamas nesta sexta-feira (24), o presidente americano, Joe Biden, afirmou que “é apenas o começo”.

“Esperamos que outros sejam libertados amanhã e depois de amanhã", disse o presidente lembrando que uma menina americana de 4 anos, Abigail, ainda está nas mãos do Hamas, assim como duas mulheres.

"Somos gratos pelas famílias que hoje puderam se reunir após quase 50 dias", disse.

"A solução de dois Estados no Oriente Médio é agora mais importante do que nunca", enfatizou destacando a necessidade de trabalhar para um futuro em que "esse tipo de violência seja impensável".

Para ele, “as chances de estender a trégua em Gaza são reais”.

Biden disse ter "pedido ao primeiro-ministro Netanyahu que reduza o número de vítimas”, e enfatizou "a eliminação do Hamas" por parte de Israel como "um objetivo legítimo".

"Não confio que o Hamas faça nada certo, responde apenas à pressão", concluiu o presidente americano.

(ANSA)

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