(ANSA) - O governo italiano defendeu neste sábado (3) que os advogados que representam Ilaria Salis, militante antifascista acusada de agressão contra ativistas de extrema-direita e detida em Budapeste, devem primeiro pedir prisão domiciliar para ela na Hungria.
A professora milanesa, que supostamente atacou dois neonazistas em fevereiro passado, foi levada a uma audiência na última segunda-feira (29) acorrentada pelas mãos, pés e cintura, em imagens que chocaram a Europa.
"Os advogados de Ilaria Salis devem solicitar a prisão domiciliar na Hungria, um pedido que não apresentaram até agora. Isso não depende de nós", declarou o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani.
Segundo o vice-premiê do governo de Giorgia Meloni, isso deveria ter sido feito antes do pedido para que ela seja transferida para prisão domiciliar na Itália.
"A primeira prisão domiciliar deve ser obtida na Hungria - e este é o ponto fundamental - e depois deve ser solicitada em Itália. Só depois de concedida a prisão domiciliar, a pedido do advogado, poderemos pedir a prisão domiciliar na Itália", continuou Tajani, acrescentando que a Itália está "pronta para fazer o que for necessário".
De acordo com relatos, na noite da última sexta-feira (2), o presidente do Senado, Ignazio La Russa, se reuniu com Roberto Salis, pai de Ilaria, em Milão, no norte da Itália, para discutir o caso.
"Continuamos respeitando as regulamentações atuais e fazendo todo o possível para garantir uma prisão que respeite os direitos da pessoa", acrescentou o chanceler italiano.
Por fim, Tajani explicou que o governo só pode "acompanhar o processo judicial" e está ajudando a família e já pediu ao procurador-geral para verificar o estado de detenção de Salis.
"Um psicólogo foi falar com ela. Fizemos todas as verificações sobre as suas condições, mas a Itália não pôde intervir no processo criminal", concluiu.
Salis foi presa em Budapeste em fevereiro de 2023, após uma manifestação contra um comício neonazista que celebrava o "Dia de Honra", em homenagem a um regimento nazista da Segunda Guerra Mundial. Ela foi acusada de três denúncias de tentativa de agressão e acusada de fazer parte de uma organização de extrema esquerda.
No entanto, a italiana nega as acusações, que podem levá-la a até 24 anos de prisão. Seu julgamento foi adiado para 24 de maio. (ANSA).