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Alexei Navalny, principal opositor de Putin, morre aos 47 anos

Político faleceu em uma colônia penal no Círculo Polar Ártico

Redazione Ansa

(ANSA) - O advogado e ativista Alexei Navalny, principal opositor do presidente da Rússia, Vladimir Putin, morreu aos 47 anos em uma penitenciária no país.

O falecimento de Navalny foi confirmado em um comunicado divulgado pelo serviço penitenciário federal da Rússia.

"Navalny passou mal depois de uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência. A equipe médica chegou de forma imediata e uma ambulância foi chamada. Foram realizadas medidas de reanimação que não tiveram resultados positivos. Os paramédicos confirmaram a morte do condenado. As causas da morte estão sendo estabelecidas", diz a nota.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirma que Putin foi informado da morte do opositor, mas que não sabe a causa de seu falecimento. Já a emissora estatal Russia Today divulgou que o óbito teria sido provocado por uma "trombose".

Os médico que atenderam Navalny tentaram reanimar o ativista por cerca de 30 minutos, informou a agência Interfax, mencionando um hospital local. No entanto, a mãe do opositor, Lyudmila Ivanovna Navalnaya, garantiu que seu filhou estava "vivo", "saudável" e "alegre" em sua última visita a ele, ocorrida no dia 12 de fevereiro.

Já a economista Yulia Borisovna, viúva de Navalny, prometeu que Putin "será punido" pela morte do marido.

Navalny estava detido em uma remota colônia penal em Kharp, conhecida como "Lobo Polar", localizada no Círculo Polar Ártico. Ele havia sido condenado a 19 anos de detenção por "extremismo".

O opositor, que apareceu magro e com a cabeça raspada em um vídeo divulgado em janeiro, cumpria pena em um regime normalmente reservado a condenados à prisão perpétua ou detentos perigosos. 

O político foi peça chave nos protestos de 2011 e 2012 na Rússia, que denunciaram fraude eleitoral e corrupção no governo comandado por Putin. O auge de sua trajetória no mundo da política foi em 2013, quando obteve 27% dos votos em uma eleição para prefeito de Moscou.

Considerado uma grande pedra no sapato para o Kremlin, Navalny foi responsável por identificar um suposto palácio construído no Mar Negro para uso pessoal do mandatário russo, bem como mansões e iates utilizadas pelo ex-premiê e ex-presidente Dmitri Medvedev.

Em 2020, Navalny chegou a ficar em coma ao ter sido envenenado com novichok e recebeu tratamento na Alemanha. O político voltou ao seu país natal no ano seguinte, onde foi detido e condenado a várias penas de prisão que totalizariam mais de três décadas atrás das grades.

Reações 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, responsabilizou o seu homólogo russo, Putin, pela morte de Navalny. O mandatário norte-americano ainda declarou que ficou "indignado" com o falecimento do ativista. 

O líder do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que a Rússia é a "única responsável" pela morte do opositor.

"Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia. Pelos seus ideais, ele fez o sacrifício final. A UE considera o regime russo o único responsável por esta morte trágica. Apresento as minhas mais profundas condolências à sua família e a todos aqueles que lutam pela democracia em todo o mundo nas condições mais sombrias. Os combatentes morrem, mas a luta pela liberdade nunca termina", escreveu o belga em suas redes sociais.

Já Ursula von der Leyen, chefe do Executivo da União Europeia, declarou que o falecimento de  Navalny é um "lembrete sombrio do que é o regime" Putin.

"Profundamente perturbada e entristecida com a notícia da morte de Alexei Navalny. Putin não teme nada mais do que a dissidência do seu próprio povo. Um lembrete sombrio do que são Putin e o seu regime. Vamos nos unir na nossa luta para proteger a liberdade e a segurança daqueles que se atrevem a enfrentar a autocracia", escreveu a líder da UE.

Por sua vez, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que Putin precisará "prestar contas pelos seus crimes", enquanto o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, declarou que o mundo perdeu uma "voz da liberdade".

“Depois de anos de detenção num regime prisional não propriamente liberal, a Rússia perde uma voz livre: estamos próximos da família e sempre lutamos, mesmo quando eu estava no Parlamento Europeu, pela liberdade, tanto na Rússia como em Belarus. Agora haverá uma voz de liberdade a menos", salientou o político.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, afirmou que o caso envolvendo Navalny representou a "pior e mais injusta conclusão de uma história humana e política que abalou as consciências da opinião pública mundial".

"Navalny foi condenado pelas suas ideias e pelo seu desejo de liberdade a uma longa detenção em condições muito duras. Um preço injusto e inaceitável, que traz de volta memórias dos tempos mais sombrios da história. Tempos que esperávamos nunca mais ter que reviver. Sua coragem continuará sendo uma inspiração para todos", disse o mandatário.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, fez coro e destacou que o falecimento de Navalny é "mais uma página triste que alerta a comunidade internacional". "Expressamos as nossas mais sinceras condolências e esperamos que este acontecimento perturbador seja totalmente esclarecido", comentou.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, também se pronunciou e disse que a morte do líder opositor russo é "outro sinal da brutalidade" de Putin, enquanto a ONU expressou "indignação" e pediu que Moscou abra uma investigação "credível" sobre o óbito do ativista.

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, afirmou que a morte do advogado "surpreendeu" e "encheu de dor". "Sinto muito, pensei que o assunto poderia ter sido resolvido de outra forma", comentou. (ANSA)

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