(ANSA) - Em depoimento divulgado neste domingo (19), a adolescente de 17 anos que participou de um ritual de exorcismo que terminou em um triplo homicídio na Itália detalhou as horas de tortura que marcaram o caso.
Os irmãos Kevin, de 16 anos, e Emanuel, de cinco, foram assassinados ao lado da mãe, Antonella Salamone, 41, na casa da família em Altavilla Milicia, na Sicília.
O autor confesso do crime é o próprio pai dos meninos e marido de Antonella, o pedreiro Giovanni Barreca, 54, ajudado pela filha mais velha e que teria sido incentivado pelo casal de fanáticos religiosos cristãos Sabrina Fina, 42, e Massimo Carandente, 50.
O objetivo da ação seria “libertar” as vítimas “do demônio”, como disse Barreca em seu telefonema à polícia: “Boa noite, preciso me entregar... Minha mulher estava possuída. Na prática, minha mulher morreu. Os demônios estão me comendo também”.
O caso veio à tona no último dia 11 de fevereiro.
A confissão da jovem de 17 anos chocou o juizado de menores. “Estávamos na cozinha, minha mãe no chão com o rosto para baixo. Estavam presentes também Sabrina, Massimo, Kevin e meu pai. A torturavam em turnos, tanto Sabrina quanto Massimo. Passavam o secador de cabelo na temperatura máxima, batiam nas costas com uma frigideira”.
“Meu pai olhava, eu e Kevin nos olhávamos, entendendo que aquilo não era normal. Minha mãe me dizia para chamar a polícia, mas eu, por medo de ser torturada também, não chamei”, disse a jovem, acrescentando que a mãe morreu após um dia de tortura.
“Sabrina e Massimo me disseram que ela infartou. Queriam cremá-la. Primeiro, queimaram o corpo, depois enterraram em um buraco cavado por meu pai e Kevin”, disse. Depois, os dois irmãos também foram vítimas das torturas até a morte.
Os quatro autores estão presos. Fina, Carandente e Barreca se conheceram nas redes sociais, e a amizade teria alimentado a obsessão do pedreiro com o exorcismo.
Nesta segunda-feira (19), Kevin e Emanuel são velados em Altavilla Milicia, sob forte comoção dos cidadãos.
O prefeito, Pino Virga, disse que a comunidade “está de joelhos”: “As feridas continuarão, não poderemos esquecer esse horror”.
O corpo de Antonella ainda passa por análises e o velório deve ocorrer na próxima semana. O relatório final da autópsia deve ser apresentado em até 90 dias e indicará a causa exata das mortes.
(ANSA).