(ANSA) - A noite da data que marcou dois anos de conflito entre Rússia e Ucrânia foi marcada por intensos combates.
Segundo Kiev, militares russos dispararam mísseis, que foram derrubados no Mar Negro, e enviaram drones para diversas regiões do país entre a noite deste sábado (24) e a manhã deste domingo (25).
O governador de Kherson, Oleksandr Prokudin, informou que dois condomínios, residências particulares e escolas foram danificados por bombardeios russos, atingindo pessoas.
"O exército russo atingiu áreas residenciais, em particular dois prédios residenciais e sete casas particulares foram danificados. Uma pessoa foi morta e outras seis ficaram feridas", disse ele.
O governador de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, Ivan Fedorov, afirmou que as forças russas atacaram 263 vezes em 24 horas 10 assentamentos na região.
Durante um fórum sobre o conflito, o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umyerov, afirmou que “o plano de ação das Forças Armadas Ucranianas para 2024 é poderoso”.
“Estamos fazendo tudo o que podemos e até o impossível para fazer uma reviravolta. O plano 2024 já existe. Não o discutimos publicamente. É poderoso, forte, não apenas dá esperança, mas também dará resultados este ano", disse.
Ele também afirmou que metade das armas prometidas pelo Ocidente à Ucrânia estão sendo entregues com atraso: "Atualmente, um compromisso não é sinônimo de entrega, 50% dos compromissos não são cumpridos dentro do prazo”.
Já o premiê do país, Denys Shmyhal, disse que a Ucrânia espera receber US$ 11,8 bilhões dos Estados Unidos neste ano: “Isso é o que acordamos. Esperamos uma decisão do Congresso após duas semanas de pausa nos trabalhos".
Durante a oração do Angelus deste domingo, o papa Francisco falou sobre o marco de dois anos de conflito: "Imploro que seja encontrada aquela pequena humanidade que permitirá criar condições para uma solução diplomática, em busca de uma paz justa e duradoura".
"Quantas vítimas, feridos, destruições, angústias, lágrimas, em um período que está se tornando terrivelmente longo e cujo fim ainda não se vislumbra. É uma guerra que não apenas está devastando aquela região da Europa, mas que desencadeia uma onda global de medo e ódio", lamentou.
Josep Borrell
O alto representante da União Europeia para Política Externa, Josep Borrell, afirmou neste domingo (25) que “Putin e Trump ainda não venceram, mas podem fazê-lo, a Europa precisa acordar”.
A declaração foi dada em entrevista ao jornal espanhol El País, por ocasião do segundo aniversário da guerra na Ucrânia.
"Dois anos atrás, Putin iniciou uma guerra que ele pensava que poderia durar uma semana. Ele chegou a oito quilômetros do Parlamento de Kiev, mas foi rechaçado. Ele não ganhou a guerra, mas também não a perdeu ainda", destacou Borrell, que disse crer que o conflito "poderia ser decidido nos próximos meses".
"Se queremos que a Ucrânia resista, precisamos fornecer mais ajuda e fazê-lo de forma mais rápida. Os Estados-membros devem tornar seu apoio coerente com a guerra que estão enfrentando”, instou.
“A Rússia é um regime antidemocrático capaz de eliminar opositores como [Alexei] Navalny, ou eliminar seus desertores em solo europeu [referência ao piloto Maxim Kuzminov, encontrado morto na Espanha]. Queremos que ele chegue às portas da Europa e controle 36% do mercado mundial de grãos?", questionou.
Falando sobre os Estados Unidos, Borrell descreveu como "barbárie" o fato de o ex-presidente Donald Trump "ter convidado a Rússia a atacar países que não seguem suas condições”: “E que existam republicanos que tenham comparado a guerra na Ucrânia com a pressão migratória do México".
Por fim, ao falar sobre a guerra no Oriente Médio, Borrell fez críticas à presidente do Poder Executivo da UE, Ursula von der Leyen, pela missão que organizou nos primeiros dias do conflito: "Sua viagem com uma posição extremamente pró-Israel, sem representar ninguém além de si mesma em uma questão internacional, teve um alto custo geopolítico para a Europa".
Papa
O Papa renovou seu "afeto mais vivo ao povo ucraniano martirizado", e assegurou suas orações "por todos, especialmente pelas numerosas vítimas inocentes". Por fim, pediu uma solução diplomática "por uma paz justa e duradoura".
(ANSA).