Último momento

Comissão Antimáfia da Itália avaliará caso de espionagem

Promotores pediram audiências sobre suposto vazamento de dados

Celebridades e políticos estão entre alvos

Redazione Ansa

(ANSA) - A Comissão Antimáfia do Parlamento da Itália anunciou nesta segunda-feira (4) que marcou audiências com o promotor nacional antimáfia Giovanni Melillo e o procurador-chefe de Perugia, Raffaele Cantone, no âmbito das investigações sobre um caso de suposta espionagem contra políticos e personalidades que chocou o país.

Melillo será ouvido no próximo dia 6 de março, às 16h30 (horário local), enquanto Cantone falará na quinta-feira (7). As datas são divulgadas um dia após os dois pedirem para serem ouvidos e reforçarem a necessidade de o caso ser analisado pela comissão parlamentar.

"Consideramos ser nosso dever solicitar que se avalie, com a urgência do caso, a oportunidade de marcar audiência dos abaixo assinados a fim de prestar, nos limites e nas formas permitidas por lei, informações sobre os fatos relativos ao chamado dossiê dos expoentes políticos", afirmaram em nota.

Os dois querem reportar um relatório ao presidente da comissão parlamentar antimáfia e ao chefe da comissão parlamentar para a segurança da República, bem como ao órgão autônomo do poder judicial, o CSM.

As audiências ocorrem no âmbito da investigação aberta pelo Ministério Público de Perugia que apura Pasquale Striano, agente da Guarda de Finanças da Itália, que é acusado de suposta espionagem e acesso abusivo ao sistema de dados da instituição e divulgação de informação confidencial.

Os promotores acreditam que alguns dos dados supostamente obtidos por Striano por meio de acesso ilegal a bancos de informações foram usados para fins jornalísticos. Acredita-se também que outros documentos podem ter sido repassados a um investigador particular ou utilizados por Striano para fins pessoais.

O italiano teria feito acessos não autorizados à base de dados tributários, antimáfia e de lavagem de dinheiro para obter informações sobre cinco ministros - Guido Crosetto (Defesa), Francesco Lollobrigida (Agricultura), Marina Elvira Calderone (Trabalho), Gilberto Pichetto Fratin (Ambiente) e Adolfo Urso (Desenvolvimento Econômico) -, secretários de estado e dos ex-premiês italianos Matteo Renzi e Giuseppe Conte.

A lista ainda inclui a viúva de Silvio Berlusconi, Marta Fascina; o presidente da Federação Italiana de Futebol (Figc), Gabriele Gravina; o craque Cristiano Ronaldo; o técnico Massimiliano Allegri; e o rapper Fedez.

Paralelamente, o Ministério Público de Roma informou ter aberto um processo sobre acusações feitas contra o presidente da Figc depois do vazamento de informações sobre "supostas atividades ilícitas". A investigação, que neste momento não tem suspeitos ou hipóteses de crime, é baseada nos dados divulgados pela suposta espionagem.

Hoje, a análise dos aparelhos de informática apreendidos com Striano no âmbito da investigação de acessos abusivos também foi concluída e já consta nos autos do procurador de Perugia.

Segundo as autoridades italianas, das verificações técnicas realizadas pelos magistrados de Roma na primeira fase do processo, surgiram elementos considerados úteis para o inquérito.

No entanto, os investigadores não descartaram que alguns arquivos possam ter sido apagados antes da apreensão, conforme noticiado por alguns jornais.

Além disso, o Ministério Público de Perugia informou que está remarcando o interrogatório de Antonio Laudati, vice-procurador da Diretoria Nacional Antimáfia, que está entre os investigados no caso, segundo apuração da ANSA.

Laudati, assim como Striano, tem acesso ao "sistema SOS", que recebe alertas de operações financeiras ou fiscais suspeitas. Ao menos três jornalistas também estão na mira da justiça sob suspeita de terem acessado à informação.

De acordo com fontes, foi o próprio Laudati quem pediu o adiamento do interrogatório. No entanto, seu advogado de defesa deixou claro que o magistrado pretende responder tudo para "esclarecer o seu total não envolvimento nos fatos controversos". (ANSA).
   

Leggi l'articolo completo su ANSA.it