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Itália lança plano para evitar 'epidemia' do opioide fentanil

'Droga zumbi' causa emergência nos EUA e já atinge outros países

Apreensão de fentanil

Redazione Ansa

(ANSA) - O governo da Itália lançou nesta terça-feira (12) um plano para evitar uma “epidemia” do opioide sintético fentanil, droga que colocou cidades dos Estados Unidos em estado de emergência, e já atinge diversos outros países em larga escala.

A primeira-ministra, Giorgia Meloni, afirmou que a Itália não vive uma emergência pelo narcótico, mas que o projeto é preventivo: “Temos orgulho de a Itália ser uma das primeiríssimas nações na Europa a adotar um plano muito articulado de prevenção contra o uso impróprio do fentanil e dos outros opioides sintéticos”.

Ela destacou os fortes impactos registrados pelo uso do narcótico, frequentemente chamado de “droga zumbi”, por deixar seus usuários semiconscientes: “É um analgésico muito potente, que pode ter efeitos devastadores sobre quem o consome por razões diversas das de saúde. Bastam três miligramas para matar uma pessoa”.

“A palavra de ordem é prevenção, princípio que inspira o nosso plano de intervenção para evitar a difusão do fentanil no território nacional e sensibilizar os cidadãos, especialmente as gerações mais jovens, sobre a periculosidade da substância”, acrescentou.

O subsecretário da Presidência do Conselho de Ministros, Alfredo Mantovano, disse que a substância já é alvo de interesse da máfia italiana: “O tráfico não é limitado aos EUA. Na UE, há sinais em Portugal e na Grã-Bretanha. A nossa inteligência destaca um interesse da ‘ndrangheta, estão testando o mercado para verificar a conveniência da inserção”.

Ele também tentou associar a difusão da droga aos cantores de rap: “Hoje, os maus professores são, por exemplo, os rappers, e não mais quem faz apologia ao terrorismo. Na internet, suas letras são encontradas facilmente, chegam aos adolescentes sem filtros, exaltando tal substância. As famílias devem aumentar a atenção”.

“É um alerta para todos nós, é uma responsabilidade de todos, assim como todos fomos envolvidos pela [pandemia de] Covid-19, este fenômeno requer a atenção de todos”, afirmou.

O ministro da Educação da Itália, Giuseppe Valditara, disse que o projeto de conscientização vai passar pelas salas de aula: “Há um perigo devastador para os jovens no horizonte: o fentanil é uma substância 50 vezes mais perigosa que a heroína. Precisamos erguer uma muralha. Um dos pilares será a educação cidadã, preparando os docentes, sobretudo os recém-contratados, com uma formação específica”.

“Se houver um aumento na circulação, estaremos prontos para enfrentar o problema da melhor maneira. É um opioide usado na medicina por ser um potente analgésico, mas também perigosíssimo. Precisamos da campanha de informação aos jovens, mas também de formação aos operadores de saúde, para que reconheçam pessoas em overdose, por exemplo”, disse o titular da Saúde, Orazio Schillaci.

O lançamento, porém, já despertou críticas da oposição. “O governo acha que pode brincar com os cidadãos assim? Em junho, convidou lobistas de uma organização financiada por farmacêuticas como a que distribui o fentanil. De um lado, fazem cara de bravos contra o fentanil, por outro, convidam esses lobistas pagos pelo produtor dessa pesada droga. A hipocrisia do governo Meloni é o verdadeiro ópio do povo italiano”, disse o secretário do partido europeísta +Europa, Riccardo Magi.

A declaração se refere a um congresso, realizado em junho de 2023, contra a legalização da maconha. Foram convidados os lobistas proibicionistas americanos Kevin Sabet e Luke Niforatos, fundador e vice-presidente da associação Smart Approaches to Marijuana (SAM), que, segundo Magi, teria como financiadora a farmacêutica Insys Therapeutics, que faliu em 2019 tendo o fentanil como carro-chefe.

 (ANSA).
   

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