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Mattarella destaca necessidade de uma nova governança global

Presidente italiano concluirá sua visita ao Brasil em Salvador

Redazione Ansa

No Rio de Janeiro, a estátua do Cristo Redentor foi iluminada com as cores da bandeira italiana para homenagear o presidente Sergio Mattarella, que está no meio de uma viagem ao Brasil.
    A visita do mandatário destacou os laços históricos entre os países, como os 150 anos da imigração italiana no Brasil e os desafios que enfrentam, com as presidências do G7 e do G20, enquanto a política e a diplomacia parecem impotentes diante de crises e conflitos.
    "Há necessidade de uma nova governança global que o Brasil solicita com muita ênfase e que a Itália compartilha. Desde que a ONU surgiu, o mundo mudou totalmente", comentou.
    A tentativa de assassinato sofrido pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que causou "grande alarme", também foi considerado um alerta. "Há uma pregação de violência e ódio que está se espalhando", alertou Mattarella em entrevista à Globo News.
    "O confronto político exige respeito, a disponibilidade de ser minoria e a possibilidade de poder colaborar em coisas comuns no interesse nacional", acrescentou o chefe de Estado.
    A mensagem anda de mãos dadas com a dinâmica italiana e ressoa nas salas das instituições europeias, confrontadas com "os desafios complexos do presente, que exigem mais do que nunca de uma Europa coesa e unida".
    Mattarella ainda disse que os organismos internacionais precisam ser modernizados, mas a renovação deve partir de um impulso saudável, embora nem sempre seja o caso.
    "A Otan estava em condições de pausa e foi colocada de lado, mas a agressão militar da Rússia contra a Ucrânia acabou relançando a aliança. É o pior caminho que pode ser seguido. É sempre da base da sociedade que surgem os melhores impulsos", analisou.
    Pela segunda vez em poucos dias, Mattarella alertou sobre um bem que não deve ser dado como certo. "A democracia não se conquista de uma vez por todas, não só deve ser constantemente defendida, mas também deve ser sempre cumprida em condições mutáveis", disse.
    O raciocínio também refletiu sobre a propagação do extremismo e do populismo.
    "A democracia corre muitos perigos e é atingida por várias armadilhas. Há muitas pessoas que não aceitam a mudança e que, diante de um mundo sem distâncias, em que se movem os grandes fenômenos migratórios, podem ser vítimas de quem os fazem acreditar que voltarão a ter um mundo que já não existe mais. A história avança, o mundo muda e não é possível voltar atrás", afirmou o italiano.
    Em relação ao mesmo tema, poucas horas antes, no Centro Brasileiro de Relações Internacionais do Rio de Janeiro, o presidente já havia elogiado a "lição de civilidade do Brasil", que foi capaz de "fazer cidadãos as pessoas que vieram de várias partes do planeta".
    No geral, a jornada brasileira de Mattarella, que terminará nas próximas horas, em Salvador, foi um misto de sugestões e histórias. O chefe de Estado não deixou de mostrar preocupação com o futuro do planeta.
    "Desde o regresso da guerra, o mundo está atravessado por grandes tensões por causa da tentação de voltar a nos comportarmos como há séculos atrás", sublinhou.
    Por fim, Mattarella não descartou que a assinatura do acordo entre a União Europeia e o Mercosul possa enviar um sinal diferente.
    "Estou muito otimista. Temos experimentado que, apesar da desconfiança e da preocupação que alguns setores têm perante os acordos, depois de algum tempo todos ficam entusiasmados com eles. E assim será para isso também. Estou convencido de que as dificuldades serão superadas rapidamente. É também uma operação de paz", concluiu. (ANSA).
   

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