(ANSA) - A Anistia Internacional (AI) acusou o governo de Israel de cometer genocídio contra os palestinos na br/brasil/noticias/mundo/2024/12/03/hamas-e-fatah-fecham-acordo-para-gestao-de-gaza-apos-guerra_41ce5189-7184-406c-ad51-2a8cf03d03f9.html">Faixa de Gaza desde o início da guerra contra o Hamas, em outubro de 2023, segundo relatório publicado na noite da última quarta-feira (4).
A organização de direitos humanos destaca que o documento deveria "servir para chamar a atenção da comunidade internacional".
Além disso, afirma ter se baseado em "declarações genocidas e desumanizantes do governo israelense", em particular imagens de satélite que documentam a destruição do território palestino e em investigações no terreno com os habitantes de Gaza, entre 7 de outubro de 2023 e julho de 2024.
"Mês após mês, Israel tem tratado os palestinos de Gaza como um grupo sub-humano, indigno de respeito pelos direitos humanos e pela dignidade, demonstrando sua intenção de destruí-los fisicamente", afirmou a secretária-geral da Anistia, Agnès Callamard.
"As nossas descobertas contundentes devem servir de alerta à comunidade internacional: este é um genocídio que deve acabar agora", acrescentou ela.
Desde o ataque sem precedentes do Hamas, que desencadeou a guerra em andamento na Faixa de Gaza, em 7 de outubro de 2023, Israel tem defendido a sua ofensiva com o desejo de erradicar o movimento islâmico.
"Mas sejamos claros: os objetivos militares podem coincidir com intenções genocidas", insistiu Callamard durante uma coletiva de imprensa em Haia.
O relatório, de 300 páginas, cita o exemplo de 15 ataques aéreos realizados entre 7 de outubro de 2023 e 20 de abril de 2024, que supostamente mataram 334 civis, incluindo 141 crianças, e para os quais a Anistia "não encontrou provas de que fossem direcionados para objetivos militares".
Desde o início da guerra, pelo menos 44.532 pessoas morreram em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas no território, considerados confiáveis pela ONU.
A Anistia destaca também as condições de vida dos palestinos no enclave, onde estão sujeitos à "desnutrição, fome e doenças", que "os expõem a uma morte lenta e calculada".
"Os Estados que enviam armas para Israel violam as suas obrigações de prevenir o genocídio e correm o risco de se tornarem cúmplices dele", acusou Callamard.
A ONG anunciou ainda que publicará também um relatório sobre os crimes cometidos pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1,2 mil pessoas do lado israelense, a maioria delas civis.
Após a divulgação do relatório, o governo do premiê Benjamin Netanyahu rejeitou o documento que fala de "genocídio em Gaza", chamando-o de "fabricado" e "completamente falso".
Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Israel, "a deplorável e fanática organização Anistia Internacional produziu mais uma vez um relatório fabricado que é completamente falso e baseado em mentiras".
Paralelamente, o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse que a ofensiva de Israel em Gaza não é um genocídio.
"Posso não concordar com o que o Exército israelense está fazendo: é hora de parar, é hora de chegar a um cessar-fogo. Mas não se trata de genocídio em Gaza", afirmou ele, em entrevista em Roma.
Para o chanceler italiano, "os pré-requisitos do genocídio são a predeterminação e a decisão" e o 7 de outubro "não foi um ataque, um bombardeio ou um ataque militar: foi uma caça ao judeu" com "pré-determinação". "Ver uma mãe sendo estuprada enquanto colocavam um bebê no forno é algo que nem mesmo a SS e Gestapo fizeram", concluiu ele, fazendo referência às forças policiais nazistas. (ANSA).
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Governos israelense e italiano rejeitaram acusação em relatório