(ANSA) - A Itália relembra nesta terça-feira (18) os cinco anos da tragédia que atingiu o hotel Rigopiano, em Farindola, e que matou 29 pessoas.
A estrutura foi atingida por uma avalanche de neve e detritos em 18 de janeiro de 2017 e foi completamente soterrada. Apenas 11 sobreviveram, dois deles porque estavam fora do hotel no momento do impacto, e outros nove que ficaram em bolsões de ar dentro do lobby do estabelecimento.
"Conservando ainda viva a memória da dor pelo trágico acontecimento, o presidente Sergio Mattarella envia aos familiares das vítimas e aos sobreviventes uma saudação sincera e solidária, ao qual uno a minha pessoal", disse a conselheira-diretora do Escritório da Secretaria da Presidência da República, Simone Guerrini, em carta enviada para o presidente do comitê de vítimas, Gianluca Tanda.
O representante dos familiares havia convidado Mattarella para a cerimônia que foi realizada em frente ao antigo hotel, mas a representante informou que ele não conseguiria deixar Roma por conta da "agenda repleta de compromissos ligados ao fim de seu mandato presidencial", que ocorre nos próximos dias.
Também em carta enviada a Tanda, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, afirmou que a data é uma "ocasião para que todos homenageiem a memória de quem perdeu a vida naquela trágica noite e constitui, ao mesmo tempo, uma força para reforçar responsavelmente o compromisso de todos pela proteção do território e salvaguardar a segurança pública".
A homenagem em Farindola começou às 16h48, momento em que a avalanche atingiu o hotel naquele 18 de fevereiro e foi repetida também nas cidades de Montesilvano e de Chieti, de onde eram algumas das vítimas.
Além da força do impacto, houve muita demora para que os socorristas conseguissem chegar à estrutura, já que as estradas estavam com muita neve - em alguns pontos, acima de dois metros de altura. Até por conta da bravura desses profissionais, vários deles estiveram presentes na homenagem.
"Nós lutamos há cinco anos para dar justiça aos nossos anjos e para fazer com que o que aconteceu no Rigopiano não se repita nunca mais", diz um dos comunicados dos realizadores da homenagem enviados à imprensa. Os parentes ainda pedem que a mídia "ajude mais do que nunca" e "virem os refletores sobre uma tragédia italiana que se poderia e deveria ter evitado".
As falas referem-se aos inúmeros problemas revelados durante as investigações - desde a atendente do serviço de emergência que achou que o primeiro telefonema sobre a avalanche era trote até problemas com licenciamento e de demora na limpeza da estrada que dava ligação ao hotel. O serviço não teria sido feito mesmo após os pedidos do hotel e todos os hóspedes daquele dia estavam aguardando no saguão para poder ir embora, já que havia alertas de perigo para a área.
Em 2022, porém, é possível que haja uma sentença no processo contra os 30 acusados, que respondem - em maior ou menor quantidade - por homicídio, lesões múltiplas culposas, desastre culposo, abusos de ofício e falso testemunho. A próxima audiência no tribunal de Pescara está marcada para 28 de janeiro.
Dos 30 acusados, 29 optaram por rito judicial abreviado, em que os tempos de depoimentos e apresentação de provas são reduzidos.
Ainda hoje devem ser depositadas as consultas das perícias e do colégio de defesa, que devem apontar diversas respostas para questões sobre a origem da avalanche e para determinar possíveis culpas dos acusados.
"É um processo gigantesco, com 30 acusados que têm o direito de verificar a produção documental, e há ainda 120 partes civis. Houve atrasos do ponto de vista de procedimento e a pandemia, que em 2020, não ajudou em nada. Não estou surpreso que perdemos tanto tempo", disse o advogado Camillo Graziano, que representa Alessio Feniello, pai de Stefano, uma das 29 vítimas.
"Algumas coisas melhores poderiam ter sido feitas, houve audiências que não serviram para nada. Agora, no dia 28 de janeiro, o juiz - depositadas as perícias e os resultados - deve nos dar um calendário. Finalmente, no dia 28, vamos começara a falar do Rigopiano", acrescentou o defensor. (ANSA).