(ANSA) - No Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, pediu que a educação seja usada para evitar qualquer tipo de nova intolerância no mundo atual.
"O Dia da Memória, que se celebra hoje em todo o mundo, nos impõe solenemente lembrar dos milhões de mortos, os lutos e os sofrimentos de tantas vítimas inocentes, incluindo muitos italianos. Mas, nos convida a prevenir e combater, hoje e no futuro, qualquer semente de racismo, antissemitismo, discriminação e intolerância. Isso se faz a partir dos bancos das escolas porque o conhecimento, a informação e a educação têm papéis fundamentais em promover uma sociedade justa e solidária", disse Mattarella nesta quinta-feira (27).
O mandatário ainda lembrou episódios recentes de racismo e antissemitismo na Itália e ressaltou que isso mostra "que nunca podemos baixar a guarda".
"Auschwitz, com seus corredores escuros, chaminés, câmaras de gás, tornou-se um símbolo do horror nazista, do mal absoluto. Mas é, e deve ser, o testemunho constante das maldades que o homem é capaz quando se abandona, traindo a sua própria humanidade, e causa sentimentos, palavras e ideologias de ódio e de morte", acrescentou.
O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, também se manifestou pela data e disse que hoje o mundo "lembra do horror do antissemitismo".
"Renovemos nosso compromisso coletivo para combater qualquer tipo de tentativa de cancelar a memória. Lembrar o compromisso é para o presente e a fundação para o futuro", afirmou.
Políticos de todas as vertentes ideológicas também se manifestaram pela data, mas poucos compareceram os eventos no território porque o Parlamento está votando em quem será o novo presidente da Itália.
Quem também se manifestou foi a Conferência Episcopal da Itália (CEI), que afirmou que a data "nos faz lembrar que o Holocausto, as leis raciais, a perseguição italiana aos cidadãos judeus, os italianos que sofreram a deportação, a prisão, a morte, além de todas as vítimas de um projeto de extermínio".
"Esse dia não é apenas uma simples recordação que se repete ano após ano, mas é também e sobretudo um compromisso para o futuro. Para que o que aconteceu não se repita mais", disse a entidade em uma longa nota.
O papa Francisco, por sua vez, havia se manifestado publicamente pela data nesta quarta-feira (26), durante a audiência geral.
"É necessário lembrar do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de diversas nacionalidades e crenças religiosas. Não deve nunca mais se repetir essa indizível crueldade. Faço um apelo a todos, especialmente aos professores e às famílias, para que favoreçam nas novas gerações a consciência desse horror, dessa página negra da história. Não deve ser esquecida até que se possa construir um futuro onde a dignidade humana não seja mais pisoteada", afirmou Francisco.
Europa
Diversas também foram as manifestações de políticos europeus pela data, bem como as cerimônias para lembrar das vítimas do Holocausto.
"Não vamos parar de falar do Holocausto. O Parlamento Europeu continuará a apoiar os nossos valores europeus e os direitos humanos fundamentais. Colocaremos fim às discriminações", escreveu em seu Twitter a presidente do Europarlamento, Roberta Metsola.
Durante a sessão desta quinta, uma sobrevivente do Holocausto foi convidada para participar. Trata-se de Margot Friedlander, 100 anos, que prestou seu depoimento. Em 1943, sua mãe e seu irmão foram deportados para Auschwitz e assassinados. Com 21 anos na época, ela conseguiu se esconder, mas foi achada pelos nazistas em 1944 e deportada para o campo de concentração de Theresienstadt. Foi a única de sua família a sobreviver.
Já no campo de Auschwitz, uma cerimônia com sobreviventes foi realizada, mas em número reduzido por conta da pandemia de Covid-19.
O dia 27 de janeiro marca a data em que os militares soviéticos conseguiram chegar ao campo de extermínio nazista mais famoso e libertar os últimos prisioneiros. No local, também viram os horrores do regime, com os fornos de cremação e as câmaras de gás, além de milhares de itens pessoais dos prisioneiros e muitos restos mortais.
Atualmente, o local é um museu aberto para a visitação do público. (ANSA).