(ANSA) - Após quatro dias de votações, permanece o impasse na eleição para presidente da Itália, enquanto os partidos do governo de Mario Draghi ainda negociam para tentar encontrar um nome de consenso.
Assim como nos três anteriores, o quarto escrutínio no Parlamento terminou sem vencedor, já que nenhum candidato conseguiu atingir o número mínimo de 505 votos necessário para chegar ao Palácio do Quirinale.
Nas três primeiras votações, era exigida a maioria qualificada de dois terços (673 de um total de 1.009), mas a redução do piso não foi suficiente para determinar um vencedor.
Com a apuração concluída, o candidato mais votado é o atual presidente da República, Sergio Mattarella, com 166 votos, mas o jurista não quer ser reeleito e já até iniciou sua mudança para um apartamento em Roma.
Em seguida aparece o magistrado Nino Di Matteo (56), conhecido por liderar inquéritos contra a Cosa Nostra, a máfia siciliana.
Como ainda não há acordo entre os partidos do governo de união nacional encabeçado por Draghi, as principais legendas do país recomendaram que suas bancadas votassem em branco, no caso da esquerda, ou a se abstivessem, no caso da direita.
Apenas o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), principal força no Parlamento, deu liberdade de consciência para seus membros.
O colégio eleitoral é formado por 630 deputados, 321 senadores e 58 delegados regionais, e a próxima votação está marcada para esta sexta-feira (28).
A princípio, o Parlamento fará votações diárias até que haja um vencedor.
Negociações
Ao longo da semana, uma coalizão de partidos conservadores chegou a propor uma lista com três candidatos: o jurista Carlo Nordio, 74, a vice-governadora da Lombardia, Letizia Moratti, 72, e o ex-senador Marcello Pera, 78.
No entanto, os três nomes já foram rechaçados pela esquerda e pelo M5S. Os últimos rumores giram em torno do senador de centro Pier Ferdinando Casini, 66, e da diretora do Departamento de Informações para Segurança, Elisabetta Belloni, 63.
"Eu discuto sobre nomes nas ocasiões oportunas, não na Câmara", desconversou o ex-premiê Giuseppe Conte, líder do M5S. "Elisabetta tem um perfil elevado, trabalhei com ela na Farnesina, mas não podemos queimar nomes", alertou o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, também expoente do movimento antissistema.
Já o senador Riccardo Nencini, do Partido Socialista Italiano (PSI), mostrou ressalvas e disse que a chefe dos serviços secretos "não pode ascender para cargos institucionais" devido à natureza de suas funções.
Outros ainda cotados são o próprio Mattarella e o premiê Draghi, mas a eleição do economista exigiria da coalizão de governo a indicação de um novo primeiro-ministro para guiar o país até o fim da legislatura, em 2023.
No entanto, hoje não há consenso sobre quem poderia substituir Draghi. Já Mattarella seria a saída mais fácil para manter as coisas como elas estão, porém o presidente é contra a reeleição - algo que só aconteceu uma vez nos 75 anos de república na Itália.
"Os votos em Mattarella são um testemunho do afeto pelo presidente, mas seria uma solução complicada", disse o deputado Matteo Orfini, do centro-esquerdista Partido Democrático (PD).
Apesar de ter um papel mais institucional do que político, o presidente da Itália está longe de ser uma figura meramente cerimonial e tem poder para influenciar os rumos do país, nomeando premiês, barrando indicações de ministros e até cobrando a aprovação de leis do interesse da nação. (ANSA)
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