União Europeia

Após 6 votações, Itália não consegue eleger presidente

Salvini tentou bancar presidente do Senado, mas fracassou

Redazione Ansa

(ANSA) - Após cinco dias e seis votações, o Parlamento da Itália segue sem conseguir eleger um presidente da República para o lugar de Sergio Mattarella, que encerra seu mandato de sete anos em 3 de fevereiro.

Na segunda sessão desta sexta-feira (28), os principais partidos voltaram a recomendar a abstenção ou voto em branco, e nenhum candidato conseguiu alcançar o mínimo de 505 necessário (de um total de 1.009) para ser eleito presidente.

O mais votado foi o próprio Mattarella, que já deixou claro que não quer ser reeleito. Apesar disso, recebeu 336 votos, um número significativamente maior do que os 166 obtidos pelo presidente no quarto escrutínio, que era sua maior votação até agora.

Esse crescimento expressivo é um sinal da estima de que Mattarella desfruta na política e na sociedade, mas também evidencia um certo cansaço dos parlamentares com a lentidão nas tratativas.

Outros 445 eleitores se abstiveram, e 106 votaram em branco. O colégio é formado por 630 deputados, 321 senadores e 58 delegados regionais.

No entanto, apesar do fracasso na sexta tentativa de eleger um presidente, há sinais de que os partidos estão mais dispostos a conversar. "Estou trabalhando para que haja uma presidente mulher, mas não digo nomes nem sobrenomes", afirmou o senador de ultradireita Matteo Salvini, secretário da Liga.

Na votação da manhã, a coalizão conservadora da qual a Liga faz parte havia tentado bancar a indicação da presidente do Senado, a moderada Elisabetta Casellati, mas ela obteve apenas 382 votos, muito menos do que os cerca de 450 ou 460 que a aliança de direita deveria ter no colégio eleitoral.

Esse resultado mostrou que os partidos de direita não têm votos para eleger um presidente sem o apoio de outros campos políticos, forçando a reabertura das tratativas.

Encontros

Já durante a sexta votação, Salvini se reuniu na Câmara dos Deputados com os ex-premiês Enrico Letta e Giuseppe Conte, líderes do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) e do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), respectivamente.

"Tenho a impressão de que há uma sensibilidade em Salvini, e espero que em todo o Parlamento, para a possibilidade de uma presidente mulher", ressaltou Conte, afirmando que as negociações giram em torno de "ao menos duas" figuras.

Uma das cotadas é a chefe dos serviços secretos do país, Elisabetta Belloni, que agradaria inclusive à legenda de ultradireita Irmãos da Itália (FdI), único grande partido de oposição ao governo de Mario Draghi.

Mas Belloni também enfrenta resistência. "Elisabetta Belloni é uma profissional extraordinária e uma amiga. Mas, em uma democracia em 2022, a chefe dos serviços secretos não pode se tornar presidente, a não ser que deixe o cargo e se candidate perante todos os cidadãos", afirmou o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, da sigla de centro Itália Viva (IV).

O objetivo dos líderes partidários é encontrar um nome que tenha o apoio de todas as forças da situação para evitar uma ruptura na base aliada e a subsequente queda do governo.

A dificuldade, no entanto, é achar um candidato que concilie interesses tão heterogêneos, já que a coalizão de união nacional encabeçada por Draghi vai da esquerda à extrema direita.

O próprio premiê chegou a ser cogitado para a Presidência, mas viu suas chances diminuírem devido à exigência de se encontrar outra pessoa para substituí-lo no comando do governo e guiar o país até o fim da atual legislatura, em 2023.

Tanto o PD quanto o M5S reclamam que a coalizão de direita tentou impor nomes do seu próprio campo político: primeiro com o ex-premiê Silvio Berlusconi, depois com a lista tríplice formada pelo jurista Carlo Nordio, pela vice-governadora da Lombardia, Letizia Moratti, e pelo ex-senador Marcello Pera, e, por fim, com Casellati.

Para o Partido Democrático e o Movimento 5 Estrelas, o próximo presidente da República deve ser uma figura institucional e sem ligações partidárias. Já a aliança conservadora acusa a centro-esquerda de impor repetidos "vetos" a seus candidatos.

A sétima votação no Parlamento está marcada para as 9h30 (5h30 em Brasília) deste sábado (29). Se não houver vencedor, será realizado um novo escrutínio no período da tarde. (ANSA)

Leggi l'articolo completo su ANSA.it