(ANSA) - O tribunal para os menores de Bolonha suspendeu provisoriamente nesta quinta-feira (10) a autoridade parental dos genitores de um menino que precisa passar por uma delicada cirurgia cardíaca, mas os pais se negam a fazer o procedimento porque querem sangue de pessoas não vacinadas contra a Covid-19.
Temporariamente, a criança será tutelada por um assistente social competente no território, conforme havia pedido o Ministério Público local em 2 de fevereiro.
O caso ganhou ampla repercussão na Itália durante a última semana, após os pais entrarem com um pedido na Justiça para que o filho, que não teve a idade revelada, recebesse sangue doado por pessoas que não foram vacinadas. Para isso, organizaram uma lista de pessoas em grupos na internet que não se imunizaram.
Nesta semana, um tribunal de Modena deu vitória ao hospital Sant'Orsola, que se negou a fazer essa transfusão porque informou que o sangue doado precisa passar por uma série de controles rígidos e técnicos e deve ser utilizado o que é mais compatível com a criança.
Além disso, destacou que não há diferenças entre os sangues de vacinados ou não e que a doação é sempre anônima.
Após a derrota em Modena, o advogado Ugo Bertaglia afirmou que os pais "nunca negaram" a necessidade de realizar a cirurgia, mas que queriam o sangue de não vacinados "por motivos religiosos".
Segundo a mídia local, o casal de Sassuolo já teria se envolvido em grupos na internet antivacina há tempos e, inicialmente, disseram que não queriam que o sangue tivesse "uma vacina experimental". Depois, em entrevista ao "La Verità", afirmaram que era porque acreditam que nos testes foram "usados fetos abortados voluntariamente" e que "há risco de transmissão de fragmentos da proteína Spyke". Agora, alegam "questões religiosas".
As notícias falsas sobre a produção das vacinas são repercutidas por grupos 'no vax' em todo o mundo.
O presidente da Sociedade Italiana de Pediatria Preventiva e Social, Giuseppe Di Mauro, voltou a se manifestar sobre o caso e disse que "não permitir que o próprio filho passe por uma transfusão de sangue é um absurdo - e é impossível de acreditar que algo assim aconteça".
"Trata-se de uma questão de vida ou morte. Colocar as próprias idealizações antes da saúde do próprio filho é verdadeiramente inacreditável", disse a diversos veículos da mídia italiana.
Os médicos do Sant'Orsola já informaram que a cirurgia precisa ser realizada o mais rápido possível por conta das condições de saúde da criança cardiopata. Eles esperam realizar o procedimento, no máximo, até a próxima semana. (ANSA).