União Europeia

Líderes do M5S se reúnem para tentar aplacar crise interna

Grillo, Conte e Di Maio tiveram reuniões até o fim da noite

Grillo e Conte se reuniram por horas em Roma

Redazione Ansa

(ANSA) - Os principais nomes do Movimento 5 Estrelas (M5S) fizeram uma série de reuniões nesta quinta-feira (10), que se estenderam até o fim da noite, para tentar conter a grande crise interna que o partido vive.

"Nós fizemos uma reunião antibiótica para restabelecer o sistema imunológico do Movimento. Podem ficar tranquilos", disse o cofundador da sigla, Beppe Grillo, aos jornalistas em Roma após o último encontro do dia.

A primeira das reuniões de Grillo na capital italiana foi com o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, que está em confronto com o presidente do M5S, o ex-premiê Giuseppe Conte.

Os problemas se acentuaram e se tornaram públicos durante e após a semana de votações no Parlamento que culminou com a reeleição de Sergio Mattarella, com acusações de traição e de desrespeito.

Na saída do encontro, que durou algumas horas, não houve declarações à imprensa. Após o debate, Grillo se reuniu com Conte e, além dos problemas com Di Maio, foi discutido o que fazer após um tribunal determinar a suspensão do novo estatuto e da eleição do ex-premiê como presidente do M5S, em votações ocorridas em agosto do ano passado.

Conforme fontes do Movimento, o cofundador da sigla, que é um "garantidor" interno, queria zerar todo o processo para recomeçar os dois casos, criando uma comissão para um novo estatuto e indicando uma possível nova liderança - que poderia ser da ex-prefeita de Roma Virginia Raggi ou da prefeita de Turim, Chiara Appendino.

Raggi, inclusive, estava nesse último encontro - que contou ainda com a presença de advogados e do notário Luca Amato. Além disso, o ex-comediante também negou a ideia do ex-premiê de tentar uma manobra interna rápida para modificar o estatuto antigo e refazer a votação para Conte se manter na liderança.

As fontes informaram, porém, que Conte manteve a posição de que é possível reverter a decisão judicial e voltar a ter tudo como estava. Grillo teria sido convencido a permitir que o ex-premiê tentasse essa última carta antes de fazer modificações mais profundas.

Tribunal

A decisão judicial proferida por um tribunal de Nápoles veio após três membros do M5S entrarem com um recurso para contestar as mudanças no Estatuto e a consequente eleição de Conte.

Os três contestaram de que houve falhas no processo, que excluiu cerca de 80 mil inscritos da votação por problemas nos registros dos ativistas. À época, por conta de uma briga entre Grillo e Davide Casaleggio, filho de outro fundador da sigla, o sistema eletrônico de votação usado não foi a plataforma Rousseau, mas sim a SkyVote.

No entanto, o próprio Grillo havia publicado que a votação deveria acontecer na primeira conforme determinava o antigo Estatuto. A brecha permitiu a derrota na justiça do cofundador.

Crise no M5S 

O M5S surgiu com grande força no cenário político italiano ao quebrar a hegemonia da alternância de poder entre esquerda e direita em março de 2018.

Com menos de 10 anos de existência, a sigla obteve 32% dos votos e tornou-se a primeira legenda antissistema a vencer uma disputa nas urnas. Três meses após a vitória, o M5S formou uma coalizão de governo com a Liga, de Matteo Salvini, mas a aliança fez com que muitos eleitores progressistas se afastassem do M5S.

Em 2019, o governo com os ultranacionalistas foi rompido por Salvini para tentar forçar eleições antecipadas, mas a sigla de Grillo fez uma mudança inesperada e se uniu ao seu maior rival até então: o centro-esquerda Partido Democrático.

Com a nova coalizão, foi a vez daqueles que se aproximaram do M5S pelos discursos eurocéticos se afastarem.

Além disso, com a queda de Conte do cargo de premiê, em 2021, a sigla apoiou e faz parte da grande coalizão - que vai da centro-esquerda à extrema-direita - que sustenta Draghi, um verdadeiro símbolo do establishment europeu.

Apesar de ainda ter a maior bancada parlamentar, o M5S aparece apenas como quarta força entre os partidos italianos, atrás da legenda de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI), PD e Liga, com menos de 20% das intenções de votos. (ANSA).
   

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