União Europeia

Berlusconi deu apartamento de 1,7 milhão de euros para cantora

Artista revelou ajudas financeiras durante audiência em processo

Depoimentos fizeram parte de audiência do processo Ruby ter

Redazione Ansa

(ANSA) - A cantora Cristina Ravot revelou em depoimento no tribunal de Milão nesta quarta-feira (23) que ganhou um apartamento de 1,7 milhão de euros (cerca de R$ 9,6 milhões) de Silvio Berlusconi em 2008 após se apresentar nas festas realizadas pelo político em suas mansões.

A corte está julgando o líder do Força Itália por corrupção judiciária, acusado de ter subornado garotas de programa que participavam das noitadas em suas residências, chamadas de "bunga-bunga", para que mentissem em seus depoimentos.

"[Berlusconi] comprou para mim, em 2008, uma apartamento em Roma, na praça Campo de'Fiori, de 170 metros quadrados. Ele ajudava sempre aqueles que estavam próximos a comprar uma casa porque, segundo ele, era a coisa mais fundamental. E dizia que quando era pequeno tinha sofrido, tinha muitos problemas em casa, não sei bem de que gênero, e queria ver as pessoas tranquilas", disse Ravot aos juízes.

Definindo os eventos que participou como "jantares muito elegantes", a jovem ainda reclamou da repercussão do caso Ruby - que está em seu terceiro desdobramento, chamado de Ruby ter.

"A minha foto foi parar nos jornais como a nova namorada de Berlusconi e o meu nome foi colocado indevidamente com o escândalo Ruby. E, por esse motivo, eu não consegui renovar um contrato que tinha com a TV", afirmou ainda.

Ravot explicou que o imóvel, construído nos anos 1700, "precisava de manutenção e tinha gastos importantes e, por isso, decidi vendê-lo porque não conseguia mantê-lo". "Então, desde 2011, ele [Berlusconi] me mandava um benefício mensal de 2,5 mil euros por mês e eu pagava os impostos para a Agenzia delle Entrate [fisco] por um acerto que tinha feito", afirmou ainda.

A cantora ainda afirmou que o acordo era sobre acabar com a hipoteca e que "por 10 anos ele pagou minhas despesas legais, me dando uns 20 mil euros por mês".

Também participando da audiência desta quarta, a ex-showgirl venezuelana Carolina Marconi afirmou que Berlusconi era "um grande pai para todos" e que o ex-premiê a ajudou a enfrentar um câncer e um ex-marido que a agredia.

"Em 2021, eu enfrentei um tumor e me serviu de lição, enfrentei tudo com um sorriso. E isso quem me ensinou foi ele. Berlusconi é a pessoa mais bondosa que conheci na vida, ele tem um olhar sempre sobre tudo, é gentil e irônico", afirmou Marconi.

Sem citar valores, a venezuelana afirmou que foi o político quem contratou os advogados que a defenderam no processo de violência doméstica desde 2010 e que o líder do FI "nunca a deixou sozinha".

Ruby ter 

Berlusconi é réu no Tribunal de Milão em um processo que também conta com desmembramentos em outras províncias da Itália, como Roma, Turim, Pescara, Treviso, Monza e Siena - nesta última, o ex-premiê foi absolvido em primeira instância em outubro do ano passado.

O nome "Ruby" faz referência à modelo ítalo-marroquina Karima el Mahroug, pivô do escândalo sexual que abalou a imagem do ex-premiê. Entre 2010 e 2014, Berlusconi teria gastado mais de 10 milhões de euros para manipular testemunhas em seus julgamentos, segundo o Ministério Público.

O processo em Milão, no entanto, já foi adiado diversas vezes por causa da pandemia de Covid-19 e de alegados problemas de saúde de Berlusconi, que nos últimos dois anos teve recorrentes internações antes de audiências. (ANSA).
   

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