(ANSA) - Para além das mortes e dos danos provocados pelos ataques da Rússia à Ucrânia, uma situação desesperadora atingiu a família da pequena Anna (nome fictício), sete anos, que morava em Kiev.
A pequena foi diagnosticada com um tumor renal, que apresenta metástase, chamado de nefroblastoma, no fim de janeiro e havia iniciado as sessões de quimioterapia na capital logo após o diagnóstico.
No entanto, com os bombardeios iniciados no dia 24 de fevereiro e a interrupção de grande parte dos serviços, a família precisou fugir.
A odisseia para ir para a Itália foi longa, mas o caminho foi marcado por diversas pessoas que ajudaram na chegada em segurança nesta quarta-feira (1º) no hospital Policlínico Gemelli, em Roma, para continuar o tratamento no setor de oncologia infantil.
Segundo a história contada pela mãe, a criança foi diagnosticada com a doença, que já atingiu os pulmões. Ela iniciou o tratamento no International Cancer Center de Kiev, mas o último ciclo de quimioterapia foi administrado por ela em casa por conta dos ataques. Mas, a casa delas não era mais segura para permanecer durante esse momento do conflito.
Anna e sua mãe, então, fugiram para a casa dos avós que moram próximos a Kiev. Lá, entram em contato com a outra avó, que trabalha em Roma como cuidadora, e que colocou a família em contato com a equipe de oncologia pediátrica do Gemelli e com a Associação dos Pais de Oncologia Pediátrica (Agop).
Com o contato estabelecido, Anna e a mãe pegaram o ônibus para uma viagem de 30 horas até a fronteira com a Romênia. As duas, então, fizeram a travessia a pé e foram atendidas por voluntários da Cruz Vermelha e por uma família romena, que se ofereceu para dar hospedagem temporária, além de uma passagem aérea entre Iasi e Roma.
Já no aeroporto de Fiumicino, as duas foram acolhidas pela Agop, que as levaram diretamente para o hospital.
"Aqui conosco, Anna prosseguirá seu tratamento e cronograma, que prevê a próxima sessão de quimio para daqui duas semanas. Sucessivamente, ela vai passar por uma cirurgia para retirar o rim doente e, se possível, também a metástase pulmonar. O tumor da Anna é pediátrico que, mesmo em fase avançada, pode ter um prognóstico positivo e estamos confiantes no sucesso da operação", disse o diretor da ala, professor Antonio Ruggiero.
De acordo com as autoridades italianas, quase quatro mil cidadãos ucranianos já chegaram ao país fugindo da guerra e esse fluxo pode aumentar, com cerca de mil entradas por dia. (ANSA).