União Europeia

Partido de ultradireita faz congresso na Itália mirando eleição

FdI é única grande força de oposição ao governo de Mario Draghi

Giorgia Meloni no palco do congresso do partido Irmãos da Itália

Redazione Ansa

(ANSA) - Líder na maioria das pesquisas para as eleições de 2023, o partido de extrema direita Irmãos da Itália (FdI), única grande força de oposição ao governo do premiê Mario Draghi, realizou seu congresso nesta sexta-feira (29), em Milão, e garantiu estar pronto para assumir o comando do país.

O evento ocorreu no mesmo dia em que a ultradireita italiana lembra a morte do estudante Sergio Ramelli, militante da organização juvenil do extinto partido neofascista Movimento Social Italiano (MSI, precursor do FdI) e assassinado por um grupo de extrema esquerda em 1975, nos Anos de Chumbo.

"Somos os únicos a organizar uma conferência programática enquanto tudo muda. Em meio à tempestade, queremos ser os primeiros a indicar o caminho", declarou a líder do FdI, deputada Giorgia Meloni, hoje a figura mais popular da extrema direita na Itália. "Estaremos prontos com as ideias certas e as pessoas certas", garantiu.

Com 45 anos de idade, Meloni ambiciona conquistar o cargo de premiê da Itália nas eleições previstas para o ano que vem e tem motivos para sonhar. Seu partido aparece em primeiro lugar na maioria das pesquisas de intenção de voto, geralmente em empate técnico com o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, ambos com cerca de 20% da preferência.

Esse resultado seria insuficiente para uma legenda governar sozinha, mas o FdI aparece com boa vantagem sobre a Liga, partido de extrema direita liderado por Matteo Salvini, e sobre o Força Itália (FI), sigla personalista fundada e presidida por Silvio Berlusconi.

Juntos, esses três partidos governam mais da metade das regiões italianas e poderiam até conquistar a maioria absoluta nas próximas eleições parlamentares. Neste caso, o líder da legenda mais votada poderia reivindicar o posto de premiê.

Em seu discurso no congresso desta sexta, Meloni revisitou antigos mantras, como as críticas ao chamado "globalismo". "Este é o tempo de um necessário retorno à vida real. É como se viéssemos de um profundo sono coletivo, mas a realidade sempre se impõe. O combinado entre guerra e pandemia varreu o castelo de areia das utopias globalistas. Agora vamos reconstruir o país, um dever de patriotas", declarou.

A deputada ainda denunciou a "decadência" de um Ocidente que "renunciou à sua alma e vendeu seus valores para quem ofereceu o maior valor". "Devemos restituir os valores a essa civilização", acrescentou Meloni, prometendo um novo "Ressurgimento", em referência ao movimento que levou à unificação da Itália no século 19.

Oposição

O Irmãos da Itália é hoje o único grande partido de oposição a Draghi, que encabeça um governo de união nacional criado em fevereiro de 2021 para evitar uma crise política em plena pandemia.

Isso fez com que Meloni concentrasse em si o apoio de todos os descontentes com o governo e ultrapassasse Salvini, que apoia Draghi, nas pesquisas de intenção de voto.

Rivais na busca pelo voto da extrema direita, mas aliados dentro de uma aliança conservadora que ainda inclui Berlusconi, Meloni e Salvini convergem na defesa da assim chamada "família tradicional", ao mesmo tempo em que são contra a vacinação obrigatória anti-Covid, o direito de adoção por homossexuais e o acolhimento de migrantes salvos no Mediterrâneo.

Ambos também defendiam a saída da Itália da União Europeia, mas hoje não falam mais nisso, ainda que adotem um tom crítico em relação a Bruxelas. No entanto, Salvini se viu em dificuldades para manter uma postura contra o sistema ao mesmo tempo em que participa de um governo com os principais partidos do país e liderado por um ex-presidente do Banco Central Europeu. (ANSA)

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