(ANSA) - O Ministério Público de Paris recorreu à Suprema Corte nesta segunda-feira (4) contra a sentença que negou a extradição de 10 ex-terroristas de extrema esquerda para a Itália.
A decisão agora ficará a cargo da maior instância da Justiça da França. A extradição foi negada pela Câmara de Instrução da Corte de Apelação de Paris na última quarta-feira (29) e diz respeito a 10 italianos - com idades entre 61 e 78 anos - que haviam sido presos em 2021, na operação "Sombras Vermelhas", mas que respondem em liberdade.
De acordo com os juízes, a Itália não conseguiu comprovar que os ex-terroristas foram assistidos por advogados escolhidos por eles próprios - todos foram condenados em contumácia por crimes cometidos nos "Anos de Chumbo", período de grande tensão política e recorrentes atentados extremistas na Itália na segunda metade do século 20.
Além disso, o longo tempo transcorrido desde as condenações pela Justiça italiana permitiram que os acusados reconstruíssem suas vidas e formassem famílias na França. A decisão se baseia nos artigos 6 e 8 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que tratam de julgamentos em contumácia e do respeito à vida privada e familiar.
Dos 10 ex-terroristas, quatro foram condenados à prisão perpétua na Itália por atentados cometidos nos anos 1970 e 1980: Roberta Cappelli, Marina Petrella, Sergio Tornaghi e Narciso Manenti.
Os três primeiros pertenciam às Brigadas Vermelhas, guerrilha comunista que sequestrou e executou o ex-premiê Aldo Moro em 1978, enquanto o quarto é ex-integrante dos Núcleos Armados do Contrapoder Territorial.
A lista também inclui Luigi Bergamin, ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) e mandante do assassinato do marechal da polícia penitenciária Antonio Santoro, morto por Cesare Battisti e uma cúmplice em 6 de junho de 1978.
Os outros envolvidos no processo são Raffaele Ventura, Antonino Custra, Giovanni Alimonti, Enzo Calvitti, Giorgio Pietrostefani e Maurizio Di Marzio. O presidente da França, Emmanuel Macron, é a favor da extradição e chegou a definir a prisão dos ex-combatentes em 2021 como "momento histórico".
"O recurso [do Ministério Público] era previsível e faz pensar que tenha sido feito porque houve um grande impulso político", acusou o advogado de Pietrostefani, Alessandro Gamberini. (ANSA)
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