União Europeia

Líderes partidários se manifestam após anúncio de Draghi

Enquanto extrema-direita quer eleições, centro pede 'Draghi-bis'

Redazione Ansa

(ANSA) - Após o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, anunciar ao Conselho de Ministros que iria renunciar ao cargo por conta da abstenção dos populistas do Movimento 5 Estrelas (M5S) em uma votação de confiança no Senado, os líderes partidários que faziam parte da base do governo começaram a se manifestar publicamente sobre a crise política.

No entanto, enquanto os representantes davam entrevistas ou publicavam notas oficiais, o presidente do país, Sergio Mattarella, rejeitou o pedido de renúncia e determinou que Draghi consulte o Parlamento para verificar a possibilidade de ainda ter maioria.

O ex-premiê e líder da sigla centrista Itália Viva (IV), Matteo Renzi, foi o primeiro a se manifestar publicamente após a renúncia - seu partido é um dos que formavam a ampla base de apoio ao governo.

"Draghi fez bem, respeitando as instituições: não pode-se fingir que nada aconteceu na votação de hoje. Os 'grilinos' [M5S] fazem mal ao país mais uma vez. Nós vamos trabalhar por um Draghi-bis a partir de agora aos próximos meses para finalizar os trabalhos do PNRR [programa de recuperação nacional pós-pandemia], lei de orçamento e situação ucraniana", escreveu Renzi.

A maior sigla de centro-esquerda da Itália, o Partido Democrático (PD), afirmou que é preciso trabalhar para que Draghi consiga formar uma nova coalizão para governar até o fim do mandato.

"Agora, só vamos trabalhar para que na quarta-feira (20) se recrie a maioria e o governo Draghi possa recomeçar. O país corre o risco de uma crise gravíssima que não pode ser permitida", destacou a sigla em nota oficial.

A data refere-se ao dia que Draghi se dirigirá aos parlamentares e uma consulta com os partidos será realizada para verificar a possibilidade de uma maioria de apoio.

Já o secretário-geral da sigla, Enrico Letta, falou rapidamente com jornalistas e disse que o PD "não vê uma nova eleição como um risco porque o povo italiano é sábio". Segundo pesquisas de opinião, o partido é o segundo nas intenções de voto atrás da sigla de extrema-direita Irmãos da Itália.

Antonio Tajani, coordenador nacional do Força Itália, partido de Silvio Berlusconi, foi mais ácido em seu primeiro comentário pós-reunião do CdM.

"Cumprimentos ao M5S por fazer essa confusão enquanto há uma crise em andamento, há uma guerra na fronteira da Europa. Hoje a bolsa [de valores] já despencou, o spread subiu, há uma alta de preços em todas as matérias primas. É coisa de irresponsáveis ter provocado esse caso, com uma arrogância e com chantagens que são inaceitáveis", disse Tajani durante um evento no Palácio Farnese em Roma.

Também parte da base de Draghi, o partido de extrema-direita Liga, de Matteo Salvini, criticou o M5S e até o PD - seu rival histórico - pela renúncia do premiê.

"A Liga foi leal, construtiva e generosa por um ano e meio, mas há semanas o presidente [do Conselho de Ministros] Draghi e a Itália eram vítimas dos muitos 'nãos' do Movimento 5 Estrelas e das imposições ideológicas do Partido Democrático. A Liga, unida e compacta depois das numerosas reuniões de hoje, compartilha a preocupação para o destino do país: é impensável que a Itália deva sofrer semanas de paralisia em um momento dramático como esse, ninguém deve ter medo de restituir a palavra aos italianos", diz a nota oficial.

Única grande legenda fora do governo atual, o Irmãos da Itália (FdI), de extrema-direita, cobrou novas eleições.

"Não se faça brincadeiras, essa legislatura acabou. Agora vamos ao voto e eu estou pronta para governar", disse a líder nacional, Giorgia Meloni, referindo-se ao fato de sua sigla ser apontada como a líder nas intenções de voto.

Principal causador da crise, o M5S não se manifestou até o momento e apenas anunciou uma reunião nacional para as próximas horas.

Segundo as últimas pesquisas nacionais, as intenções de voto mostram o FdI com cerca de 20% a 23% do apoio dos eleitores. O PD aparece logo atrás, em empate técnico, com 20% a 22%. A terceira força é a Liga, com 14% a 15,5%. O M5S - que foi o mais votado no último pleito com cerca de 30% dos votos - é apenas a quarta força, com um percentual de 10% a 12%. O FI é o quinto com 7% a 10%. (ANSA).
   

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