(ANSA) - Dois dos três partidos que provocaram a queda do premiê da Itália, Mario Draghi, já sofreram as primeiras deserções por conta da crise política no país.
O economista renunciou ao cargo nesta quinta-feira (21), após ter perdido sua base de apoio no Parlamento, o que deve provocar a realização de eleições antecipadas.
Os pivôs da crise são o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que cobrava de Draghi um maior compromisso com políticas sociais, a ultranacionalista Liga e o conservador Força Itália (FI), que exigiam a saída do M5S da coalizão de união nacional.
Os três partidos não participaram de um voto de confiança no Senado na última quarta-feira (20) e determinaram o fim do governo Draghi, que seguirá no poder até a definição de um sucessor, mas apenas para cuidar de assuntos correntes.
Em função da crise, dois dos três ministros do FI anunciaram sua saída do partido, que é guiado pelo ex-premiê Silvio Berlusconi.
"Esse Força Itália não é mais o movimento político onde militei por quase 25 anos. Não posso ficar nesse partido por nem mais um minuto", afirmou a ministra das Relações Regionais, Mariastella Gelmini.
Segundo ela, o FI "virou as costas aos italianos" e "cedeu o cetro" a Matteo Salvini, secretário federal da Liga. Gelmini foi seguida por Renato Brunetta, ministro da Administração Pública e figura histórica do partido de Berlusconi.
"Aqueles que colocaram interesses particulares antes do interesse do país em um momento tão grave são irresponsáveis. Os líderes cada vez mais estreitos do Força Itália se sujeitaram ao pior populismo soberanista, sacrificando um campeão como Draghi, orgulho italiano no mundo, no altar do mais míope oportunismo eleitoral", declarou Brunetta.
Dominante no campo conservador a partir da ascensão de Berlusconi, no início dos anos 1990, o FI vem perdendo espaço progressivamente para partidos de extrema direita, como a Liga e o Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni.
Segundo as últimas pesquisas, o Força Itália tem hoje menos de 10% das intenções de voto e pode ter sua bancada parlamentar drasticamente reduzida no caso de eleições antecipadas.
O mesmo risco é enfrentado pelo M5S, que venceu as eleições de 2018 com 32% dos votos e hoje amarga o quarto lugar na preferência do eleitorado, com pouco mais de 10%.
Criado com um discurso antissistema e contra a política tradicional, o movimento participou de todos os governos nos últimos quatro anos, se aliando a partidos da esquerda à direita, e viu sua popularidade derreter.
Após a renúncia de Draghi, a deputada Soave Alemanno anunciou sua saída do M5S, ampliando a longa lista de deserções no partido populista desde 2018. "Em meio a uma crise que está devastando o país, o Parlamento faz uma escolha insensata e covarde, jogando fora o trabalho feito até agora e subtraindo-se à responsabilidade de buscar soluções", declarou.
"Minha experiência no Movimento 5 Estrelas termina aqui. Com extremo desprazer, me afasto do grupo político que por anos julguei ser minha casa e que agora não reconheço mais", acrescentou Alemanno. (ANSA)
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