União Europeia

Rússia diz que não interfere em assuntos internos da Itália

Porta-voz afirma que só vê vantagens em 'desenvolver cooperação'

Draghi renunciou após 3 partidos da base se absterem de votação de confiança

Redazione Ansa

(ANSA) - A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, foi questionada nessa quinta-feira (21) sobre a renúncia do premiê italiano, Mario Draghi, e disse que o governo do seu país "não interfere" em assuntos internos.

"Sempre consideramos a Itália como um país soberano e independente. Se isso não é considerado assim por outros, isso não tem nada a ver com a Rússia. A operação do governo Draghi deve ser avaliada pelos italianos. A Itália é um país soberano, independente, que não deve depender de ninguém. Não entendo porque há a necessidade interna de explicar o que acontece com fatores externos", afirmou aos jornalistas em sua coletiva diária.

Questionada então se Moscou vai apoiar algum partido nas possíveis eleições antecipadas, Zakharova afirmou que não.

"A Rússia não vai apoiar nenhum partido como, ao invés disso, fazem os Estados Unidos e os países da União Europeia a favor de uma ou outra força política por ocasião de pleitos em outros Estados. Isso não atinge só Washington em relação aos países da Otan. Lembrem como países da UE diziam que era vantajosa a eleição de Hillary Clinton para presidente dos EUA", acrescentou a representante, que não informou, porém, que uma investigação norte-americana apontou que o Kremlin também interferiu na disputa em prol de Donald Trump.

Para Zakharova, os russos acham "vantajoso desenvolver a cooperação" com os italianos, "mas quem, como e quando chega ao poder, é assunto dos italianos". A porta-voz ainda criticou as muitas vozes de "comentaristas, blogueiros, responsáveis políticos italianos que ligam as mudanças políticas internas à Rússia e à política externa".

Os questionamentos à representante do Ministério das Relações Exteriores vêm por dois motivos.

O primeiro é que Draghi sempre esteve na linha de frente na imposição das sanções político-econômicas contra Moscou por conta da guerra na Ucrânia e é um dos maiores defensores de Kiev dentro do bloco.

O segundo é por conta do fato de uma das maiores crises que antecederam sua queda do cargo de premiê ter sido criada por dois partidos da base, o populista Movimento 5 Estrelas (M5S) e o extrema-direita Liga, sobre o envio de mais armas para que os ucranianos pudessem se defender e atacar os russos em seu território. Não é de hoje que as duas siglas, e o Força Itália, de Silvio Berlusconi, são acusados de serem pró-Rússia, apesar de terem condenado publicamente a invasão à Ucrânia.

As três legendas foram as que se abstiveram na votação de confiança para a permanência de Draghi nesta quarta-feira (20), o que causou sua renúncia.

Nesta quinta-feira, o próprio ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, que saiu do M5S pouco antes da crise estourar, afirmou que "não por acaso" Draghi foi derrubado por "duas forças políticas que piscam para Vladimir Putin". (ANSA).
   

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