(ANSA) - O italiano Kevin Chiappalone, 19 anos, é o primeiro italiano a ser investigado sob a acusação de ser um mercenário na guerra da Ucrânia, informou a Procuradoria de Gênova nesta quarta-feira (10).
Chiappalone é apontado como um "simpatizante" do grupo de extrema-direita italiana CasaPound. O genovês começou a ser investigado pela Divisão de Investigações Gerais e Operações Especiais (Digos) após dar uma entrevista para a revista "Panorama" dizendo ter se sentido "chamado" a lutar ao lado dos ucranianos por conta da declaração do presidente russo, Vladimir Putin, de querer "desnazificar a Ucrânia".
Desde então, os agentes da Digos interrogaram diversas pessoas ligadas ao CasaPound e constatou que Chiappalone não fez nada por meio do grupo, fazendo toda a comunicação para se unir à Brigada Internacional de Kiev por meio da internet e sozinho.
Os agentes descobriram que ele não tem nenhum treinamento militar ou no manuseio de armamentos e que foi para a Ucrânia em maio, entrando no país por meio da fronteira na Polônia.
A investigação, então, foi repassada para o procurador-substituto Marco Zoco, responsável pela Direção Distrital Antimáfia e Antiterrorismo, que está dando andamento ao caso. Se condenado, Chiappalone pode pegar de dois a sete anos de prisão.
Mesmo com as informações de que ele teria feito tudo sozinho, as investigações seguem para descobrir se há uma rede de recrutamento de pessoas na Itália para irem lutar na Ucrânia.
Em 2014, quando os primeiros confrontos bélicos começaram no país europeu, a Procuradoria de Gênova abriu uma investigação formal sobre um possível recrutamento de jovens, mas para serem mercenários pró-Rússia. E descobriu também recrutadores pró-Kiev.
Entre as pessoas apontadas como possíveis responsáveis pelo esquema, está a figura de Andrea Palmieri, conhecido como "o general", ex-líder do grupo de extrema-direita "Bulldog della Lucchese" e que é um fugitivo da justiça italiana, devendo cumprir uma pena de cinco anos por recrutamento de jovens.
Segundo as últimas informações das autoridades italianas, ele estava na região separatista do Donbass, na Ucrânia, lutando contra Kiev. Com ele, estão outros dois investigados: Massimiliano Cavalleri, conhecido como "Spartaco", e Gabriele Carugati, chamado de "Arcangelo", e que é filho de uma ex-dirigente do partido Liga em Cairate.
No fim de março, já com a guerra em andamento, um outro representante ultranacionalista pró-Rússia, o veneziano Edy Ogaro, foi morto em combate.
No lado dos pró-ucranianos, os investigados eram Giuseppe Donini, 52 anos, que estava no Batalhão de Azov, grupo paramilitar de extrema-direita que se uniu ao exército de Kiev na defesa de Mariupol; e Valter Nebiolo, que voltou para a Itália.
Ainda havia um ucraniano, chamado Volodymyr Borovyk, que morava em Roma desde 2004 com sua família, mas que voltou para Chernivtsi assim que a guerra começou em fevereiro deste ano.
Já o italiano Ivan Luca Vavassori, ex-jogador de futebol de 29 anos, combateu junto às brigadas internacionais, mas retornou para a Itália no fim de abril. Até o momento, não há nenhuma informação de processo contra ele. (ANSA).