União Europeia

Oposição fecha primeiro dia de consultas para governo da Itália

Líderes do PD, Ação e M5S mostraram divergências entre si

Redazione Ansa

(ANSA) - O primeiro dia de consultas oficiais com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, para a formação do novo governo do país mostrou a divisão existente entre os partidos que serão oposição à coalizão liderada pela ultranacionalista Giorgia Meloni, do Irmãos da Itália (FdI). O bloco ainda conta com o extrema-direita Liga e o conservador Força Itália (FI).

Segundo colocado nas eleições de setembro, o centro-esquerda Partido Democrático (PD) foi o último a ser recebido nesta quinta-feira (20). O secretário-geral da sigla, Enrico Letta, afirmou que continua a acreditar que será preciso encontrar uma unidade para lidar com o novo governo.

"Eu estou firmemente convicto que esta legislatura, depois de uma campanha eleitoral na qual as oposições ficaram divididas, precisa de um percurso em direção a uma maioria de convergência, se quisermos evitar uma legislatura de cinco anos com o mesmo governo. Alguns passos nós já demos, mas somos os únicos na oposição que começaram uma autocrítica", disse Letta após as consultas com Mattarella.

Questionado sobre o desejo da coalizão vencedora de mudar o sistema político italiano de parlamentarismo para presidencialismo, Letta afirmou que não vê problemas em "discutir para melhorar a Constituição, mas somos contrários às distorções na nossa Carta".

O líder da centro-esquerda ainda ressaltou que foi pedido para Mattarella "de ser o garantidor da unidade nacional porque muitas palavras que foram ditas nos fazem pensar que esse tema será importante nos próximos meses. "Para nós, a unidade do país é fundamental", acrescentou.

Letta ainda comentou sobre as polêmicas falas do senador do FI Silvio Berlusconi sobre a "retomada de relações" com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, contrariando a postura assumida pelo atual premiê, Mario Draghi, e até pela provável futura líder do governo, Giorgia Meloni.

"O governo ou é atlantista e europeísta ou não conseguirá durar porque não terá o apoio necessário no país. Nós devemos ser confiáveis e isso significa não mudar de lado. O campo que estamos é o de condenar a Rússia e Putin e apoiar a Ucrânia e que queremos a paz - e o percurso passa pela retirada de quem invadiu", acrescentou.

Pouco antes, o líder do populista Movimento 5 Estrelas (M5S), Giuseppe Conte, rechaçou a ideia de fazer uma oposição "unitária", mas também disse que não vai votar com o bloco de direita que assumirá o poder.

"Uma oposição unitária não está na ordem do dia. O PD iniciou uma fase congressual, farão o percurso deles. Sobre muitas passagens poderemos nos encontrar e ficar juntos, mas não é hora de uma cabine coordenada e permanente", disse aos jornalistas.

Questionado, então, se votaria com a direita, Conte ressaltou que "esse não é o momento de uma perspectiva de conciliação e a nós espera o papel de ser oposição". "Estamos determinados a dizer 'não' [sobre a formação do governo], mas também a dar uma contribuição construtiva para que haja uma possibilidade de discussão, mas de respeito dos papéis", acrescentou.

O "Terzo Polo", formado pelos partidos centristas Ação, de Carlo Calenda, e Itália Viva, de Matteo Renzi, também foi às consultas com Mattarella. O líder do IV não participou pessoalmente, mas Calenda falou com os jornalistas e descartou também a ideia de uma oposição unida.

As instituições devem ser de todos e devem ter uma lógica de representatividade. Não façamos disso uma doença. Isso não falamos ao presidente, mas em outras ocasiões houve uma vontade de nos excluir. Se fala de oposição única, é evidente que tem mais de uma, duas seguramente", ironizou ao falar do PD.

Calenda também confirmou que a "terceira via" vai votar contra no voto de confiança ao novo governo e descartou qualquer apoio ao bloco governista.

Nesta sexta-feira (21), Mattarella receberá os representantes dos partidos que formarão o novo governo italiano: FdI, Liga e FI - além de dois grupos parlamentares de direita que também devem compor o novo Executivo. (ANSA).
   

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