(ANSA) - O ministro da Infraestrutura da Itália e vice-premiê, Matteo Salvini, anunciou nesta quinta-feira (27) que o governo de Giorgia Meloni impedirá o desembarque em seus portos de migrantes salvos no mar Mediterrâneo por navios de ONGs estrangeiras.
"Mensagem aos traficantes de seres humanos e seus cúmplices: como dissemos no programa eleitoral da direita, a Itália não vai mais tolerar o negócio da imigração clandestina e desembarques descontrolados", escreveu Salvini no Twitter.
"Deixe que as organizações estrangeiras administrem isso", acrescentou.
Atualmente, existem dois navios humanitários com centenas de migrantes resgatados em águas internacionais na costa da Líbia: o "Ocean Viking", da ONG SOS Méditerranée, com 234 a bordo e o "Humanity One", da SOS Humanity, com 180.
Nesta tarde, a equipe dos Médicos Sem Fronteiras salvou mais 268 pessoas que estavam a bordo de quatro barcos na costa de Malta e deixaram a Líbia. Em publicação no Twitter, a ONG explica que as intervenções ocorreram em apenas 4 horas. Todos estão a bordo do Geo Barents e estão recebendo assistência.
"Entre os sobreviventes estão três grávidas e 33 menores, o mais novo tem 11 meses. Estão todos exaustos e desidratados. Alguns deles passaram três dias no mar com crianças assustadas para cuidar", escreveu a ONG, à espera de um porto seguro.
"Que as ONGs definam rumos para seus países, não para a Itália", concluiu Salvini.
Conhecido por suas posições duras em relação aos migrantes, Salvini criou um decreto durante seu mandato como ministro do Interior da Itália (2018-2019) para pôr fim a permissão de estadia por motivos humanitários e o estabelecimento de multas de até 1 milhão de euros para ONGs cujos navios entram em águas territoriais italianas sem autorização.
Os chamados "Decretos Salvini", no entanto, foram revogados em 2020. Porém, Meloni, que assumiu o cargo de primeira premiê mulher da Itália no último fim de semana, construiu sua trajetória política com um discurso anti-migrantes, e uma de suas bandeiras é impor um bloqueio militar no Mediterrâneo para impedir a chegada de deslocados internacionais.
Ministério do Interior –
Hoje, a Comissão de Ordem e Segurança Pública, presidida pelo novo ministro do Interior, Matteo Piantedosi, compartilhou a necessidade de lançar iniciativas a nível europeu com os países de origem e trânsito de migrantes para uma gestão comum do fenômeno migratório que permita fluxos através do reforço de canais de entrada legais.
A ideia é ter “em conta, na distribuição das quotas reservadas a cada Estado, o empenho que assumiram no combate à imigração ilegal”.
Uma reunião será convocada em breve para traduzir uma série de informações operacionais, de acordo o Ministério do Interior. (ANSA)