(ANSA) - A nova premiê italiana, Giorgia Meloni, falou sobre sua visão da União Europeia durante a entrevista ao jornalista Bruno Vespa, em trecho que foi divulgado nesta quarta-feira (2) na Itália.
Líder do partido de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI), que tem um passado eurocético, a chefe do Executivo falou sobre a importância do bloco, mas sem deixar de fazer críticas.
"A minha ideia de Europa é de uma 'Europa confederada' na qual se aplica o princípio de subsidiariedade. Bruxelas não atue no que Roma pode fazer melhor, e Roma não aja onde, sozinha, não é competitiva. Nós tivemos uma Europa invasiva nas pequenas coisas e ausente em grandes assuntos", disse ao jornalista italiano.
Para Meloni, "não seria melhor deixar o debate sobre o diâmetro das amêijoas para os Estados e preocupar-se em nível comunitário sobre o abastecimento energético do bloco?". A nova premiê ainda chamou de "idiotice" quem se define "atlantista, mas não europeísta" e ressaltou que não concorda com o poder de decisão que a Comissão Europeia tem.
"Na Europa, grande parte do poder de decisão está nas mãos da Comissão, que é indicada por governos, mas na nossa organização a soberania é do povo que a exercita por meio do Parlamento. Há alguma coisa que não funciona, sobretudo em uma república parlamentar como a nossa", pontuou.
Ainda com as críticas, Meloni afirmou que "uma política externa europeia não existe no momento". "Sobre a Líbia, nós agimos de maneira esparsa e a mesma coisa aconteceu sobre a crise ucraniana. Mas, ao invés disso, vemos a Europa se preocupando com questões de gênero", acrescentou.
Na entrevista a Vespa, a nova premiê ressaltou que não está atuando agora pensando em se perpetuar no cargo de chefe do governo italiano.
"A única verdadeira vantagem que vejo sobre os outros é que não trabalharei para ficar nesse cargo. Não estou aqui para sobreviver olhando as pesquisas. Daqui a cinco anos, não quero ser reeleita a qualquer custo e se você não tem nada a perder, você pode esticar a corda. Para fazer as coisas, você precisa romper com os esquemas e se você vive no terror de não ser reeleita, você está destinada a não mudar nada", afirmou. (ANSA).