União Europeia

França diz à Itália que vai acolher migrantes

Navio com mais de 200 a bordo aguarda autorização há 12 dias

Redazione Ansa

(ANSA) - A França se ofereceu para acolher uma parte dos migrantes forçados a bordo do navio Ocean Viking, operado pela ONG SOS Méditerranée e que navega ao sul da Itália enquanto aguarda a designação de um porto seguro para atracar.

A embarcação tem 234 náufragos a bordo e espera por uma autorização há quase duas semanas, porém enfrenta a resistência do novo governo italiano de extrema direita.

"Dissemos à Itália - e dissemos junto com a Alemanha - que, se aquele navio humanitário for acolhido na Itália, nós receberemos uma parte dos migrantes, das mulheres e das crianças, para que a Itália não deva arcar sozinha com o fardo dessa chegada", disse o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, à emissora BFMTV.

Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar devem ser obrigatoriamente levadas ao porto seguro mais próximo. O Ministério do Interior italiano, no entanto, alega que o Ocean Viking atuou sem informar as autoridades de Líbia e Malta, países que teriam jurisdição na área dos resgates.

A SOS Méditerranée, por sua vez, garante ter agido dentro das normas. "Como previsto pelas convenções marítimas, o Ocean Viking informou as autoridades marítimas competentes em todas as fases das operações de busca e socorro e pediu a designação de um porto seguro", diz a ONG.

Já Darmanin afirmou que se reuniu com o novo ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi, indicado pelo líder de extrema direita Matteo Salvini, atual ministro da Infraestrutura (que é responsável pelos portos do país). "Não temos dúvida de que a Itália respeitará o direito internacional", declarou o francês.

Atualmente, apenas navios de ONGs humanitárias realizam resgates no Mediterrâneo Central, a rota migratória mais mortal do mundo, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Segundo a entidade, quase 1,3 mil pessoas já morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia apenas em 2022, média de mais de quatro fatalidades por dia. (ANSA)

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