União Europeia

Navios de ONGs entram em águas italianas, mas não podem atracar

Embarcações transportam centenas de migrantes forçados

Migrantes a bordo do navio Geo Barents, de Médicos Sem Fronteiras, em foto de arquivo

Redazione Ansa

(ANSA) - Dois navios com centenas de migrantes forçados a bordo receberam autorização para entrar em águas territoriais da Itália, mas não podem atracar para desembarcar os deslocados internacionais.

O navio Humanity 1, da ONG alemã SOS Humanity, leva 179 pessoas, enquanto o Geo Barents, operado por Médicos Sem Fronteiras (MSF), transporta 572 migrantes, todos eles resgatados em operações de busca e socorro no Mar Mediterrâneo Central, rota migratória mais mortal do mundo.

"Após ter pedido e recebido permissão das autoridades italianas, o Geo Barents entrou em águas territoriais da Itália por causa do mau tempo", disse Juan Matías Gil, chefe de missão de MSF. A embarcação aguarda a designação de um porto seguro para atracar há cerca de 10 dias.

"O último pedido às autoridades italianas foi feito às 22h27 [horário local] de ontem [4], e, como para os outros, ainda esperamos uma resposta positiva", acrescentou.

Esses dois navios poderão agora receber assistência humanitária, embora não tenham autorização do novo governo italiano, liderado pela premiê de extrema direita Giorgia Meloni, para atracar e desembarcar os deslocados.

Outras duas embarcações humanitárias também aguardam a designação de um porto seguro, mas navegam em águas internacionais no Mediterrâneo: a Ocean Viking, da SOS Méditerranée, com 234 pessoas a bordo, e a Rise Above, da Mission Lifeline, com 90.

A Itália chegou a cobrar que a Alemanha, país de registro dos navios Humanity 1 e Rise Above, e a Noruega, nação de bandeira do Geo Barents e do Ocean Viking, acolhessem os migrantes, mas apenas Berlim se mostrou disponível.

"As obrigações de cuidado competem ao Estado de bandeira", disse neste sábado (5) o ministro do Interior da Itália, Matteo Piantedosi, indicado para o cargo pelo líder de extrema direita Matteo Salvini, atual ministro da Infraestrutura e vice-premiê.

Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar sejam obrigatoriamente levadas ao porto seguro mais próximo.

"Temos casos de infecções cutâneas e respiratórias, e o sofrimento aumenta devido à falta de espaço e pelo prolongamento do tempo transcorrido no mar", disse Ricardo Gatti, ativista de MSF a bordo do Geo Barents. "A situação é crítica", acrescentou.

De acordo com o Ministério do Interior, 87,4 mil migrantes forçados já desembarcaram nos portos italianos em 2022, crescimento de 61% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os principais países de origem são Egito (17,7 mil), Tunísia (16,9 mil), Bangladesh (12,3 mil), Síria (6,4 mil) e Afeganistão (6,1 mil).

No entanto, a maior parte desses deslocados segue viagem rumo ao norte da União Europeia, para nações como a Alemanha, que registra 114 mil pedidos de refúgio em 2022, contra 37 mil da Itália.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 1,3 mil pessoas já morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia do Mediterrâneo Central em 2022, média de mais de quatro fatalidades por dia. (ANSA)

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