União Europeia

Salvar vidas no mar é dever moral e jurídico, diz Alemanha

Itália trava disputa com ONGs que operam no Mediterrâneo

Migrantes a bordo do navio Geo Barents, ancorado no Porto de Catânia

Redazione Ansa

(ANSA) - O governo da Alemanha afirmou nesta segunda-feira (7) que salvar migrantes à deriva no mar é um "dever moral e jurídico", em referência ao braço de ferro da Itália com ONGs humanitárias que operam no Mar Mediterrâneo.

"É importante que centenas de pessoas tenham conseguido desembarcar, mas é importante também que todas as pessoas sejam salvas e possam chegar em terra firme", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão, Sabine Sasse.

Segundo ela, o resgate de náufragos é um "dever moral e jurídico e não pode ser impedido". O novo governo italiano, chefiado pela premiê de extrema direita Giorgia Meloni, trava neste momento uma disputa com os navios de quatro ONGs que operam no Mediterrâneo.

São eles: Geo Barents, de Médicos Sem Fronteiras, que resgatou 572 migrantes no mar; Ocean Viking, da SOS Méditerranée, com 234; Humanity 1, da SOS Humanity, com 179; e Rise Above, da Mission Lifeline, com 90.

Até o momento, a Itália já autorizou o desembarque de 501 pessoas socorridas pelo Geo Barents e pelo Humanity, que estão atracados no porto de Catânia, contingente que é formado sobretudo por menores de idade e suas famílias.

No entanto, os navios de MSF e da SOS Humanity ainda abrigam 215 e 35 migrantes, respectivamente, que foram impedidos de descer, enquanto as outras duas embarcações sequer receberam autorização para atracar.

Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar sejam levadas ao porto seguro mais próximo, mas a Itália quer que os países de origem dos navios humanitários - Alemanha e Noruega - se responsabilizem pelos migrantes.

"Estamos em contato estreito com as instituições italianas", garantiu o governo da Alemanha, que já se ofereceu para acolher parte dos migrantes, bem como a França. Já a Comissão Europeia destacou que é preciso "minimizar o tempo que as pessoas ficam no mar".

A linha dura contra as ONGs é capitaneada pelo ministro da Infraestrutura Matteo Salvini, que é responsável pela gestão dos portos italianos. "Essas viagens são organizadas. É preciso desmantelar o tráfico de seres humanos, que já é enorme, e também de armas e drogas", disse Salvini à rádio RTL.

Ele também cobra que os deslocados internacionais sejam redistribuídos pelos Estados-membros da União Europeia, mas os países que se recusam a colaborar com as políticas migratórias do bloco são justamente aqueles governados pela extrema direita, como Hungria e Polônia, cujos governos são aliados de Salvini e Meloni.

De acordo com o Ministério do Interior, 87,4 mil migrantes forçados já desembarcaram nos portos italianos em 2022, crescimento de 61% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os principais países de origem são Egito (17,7 mil), Tunísia (16,9 mil), Bangladesh (12,3 mil), Síria (6,4 mil) e Afeganistão (6,1 mil).

No entanto, a maior parte desses deslocados segue viagem rumo ao norte da UE, para nações como a Alemanha, que até agosto contabilizava 238,7 mil solicitantes de refúgio, de acordo com o gabinete de estatísticas da UE (Eurostat), contra 61,8 mil da Itália.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 1,3 mil pessoas já morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia do Mediterrâneo Central em 2022, média de mais de quatro fatalidades por dia. (ANSA)

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