União Europeia

Migrantes de navio do MSF começam a desembarcar na Itália

Meloni afirmou que governo 'vai defender fronteiras'

Redazione Ansa

(ANSA) - Após um longo impasse, começou por volta das 20h (hora italiana) o desembarque dos 211 migrantes que ainda estavam no navio Geo Barents, da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), que está atracado no porto de Catânia.

O anúncio de que os estrangeiros poderiam descer foi dado tanto pela organização como pelo deputado do Partido Democrático (PD), de oposição, Antonio Nicita. "Após sete horas, as visitas [sanitárias] foram encerradas. Descerão. Todos", postou em suas redes sociais.

Pouco depois, o chefe da delegação do MSF, Juan Matias Gil, confirmou a informação. Segundo o representante, há um grande alívio sobretudo "para eles".

"Nós estamos cansados, mas eles precisam de cuidados. Há uma grande alegria a bordo. Daqui [da terra firme] não se ouve, mas garanto que estão muito felizes. Pessoas que choram de alegria e gritam de felicidade", pontuou.

O Geo Barents era um dos quatro navios com pessoas resgatadas no Mar Mediterrâneo nos últimos dias que aguardavam a decisão do governo italiano para o desembarque. Parte das pessoas a bordo, que somavam 572 ao todo, foram autorizadas a sair, mas os homens foram impedidos.

Roma determinou que eles zarpassem para outro local, mas as embarcações se negaram a partir. A mesma situação ainda vive o barco Humanity 1, da ONG SOS Humanity, que tem 34 pessoas a bordo das 179 que chegaram ao país.

Cerca de duas horas após o início do desembarque das pessoas do navio Geo Barents, o governo da Itália autorizou a saída do Humanity 1, que também está no porto de Catânia. Os inspetores sanitários do Ministério da Saúde afirmaram que havia um "alto risco psicológico" entre os estrangeiros por conta da demora em liberar o desembarque.

Já o Rise Above, da Mission Lifeline, obteve autorização para desembarque total de seus 90 resgatados porque as pessoas foram retiradas do mar na área de jurisdição italiana. Por sua vez, o Ocean Viking, da SOS Mediterranee, com 234 indivíduos a bordo, recebeu autorização da França para desembarque em Marselha após duas semanas parado aguardando respostas da Itália.

O governo de Giorgia Meloni, que tomou posse em 22 de outubro, defende que o país de bandeira dos navios humanitários se encarreguem dos migrantes e refugiados, mas o direito internacional determina que pessoas socorridas no mar sejam levadas ao porto seguro mais próximo.

Como as ONGs se recusam a devolver os deslocados internacionais para a Líbia, onde há graves denúncias de violações de direitos humanos, os portos seguros mais próximos no Mediterrâneo Central seriam na Itália ou em Malta.

A maior parte desses migrantes costuma seguir viagem rumo a países mais ao norte da Europa, como a Alemanha e a própria França, que até agosto contabilizavam 238,7 mil e 134,4 mil solicitantes de refúgio, respectivamente, de acordo com o gabinete de estatísticas da UE (Eurostat), contra 61,8 mil da Itália.

Meloni se pronuncia 

Pela primeira vez, a premiê da Itália, Giorgia Meloni, falou sobre a questão dos quatro barcos com migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo e disse que seu governo vai "defender fronteiras".

"O nosso objetivo é defender a legalidade, a segurança e a dignidade de cada pessoa. Por isso, queremos frear a migração clandestina, evitar novas mortes no mar e combater os traficantes de seres humanos. Os cidadãos pediram para defendermos as fronteiras italianas e esse governo não trairá a palavra dada", escreveu em suas redes sociais.

Para a premiê, "na questão da segurança e combate à migração ilegal, os italianos se expressaram nas urnas, escolhendo o nosso programa e a nossa visão".

"Nos últimos anos, nós vimos uma gestão inadequada do fenômeno, que produziu grandes e evidentes problemas: centros de acolhimento em colapso, desembarques em aumento, forças de ordem no extremo. E tudo levou a um crescente clima de insegurança", pontuou. (ANSA).
   

Leggi l'articolo completo su ANSA.it