(ANSA) - A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, criticou nesta quarta-feira (9) a decisão de autoridades sanitárias de permitir o desembarque de centenas de migrantes forçados que estavam bloqueados em dois navios humanitários na costa da Sicília.
Os deslocados internacionais estavam a bordo das embarcações Geo Barents (211), de Médicos Sem Fronteiras, e Humanity 1 (34), da SOS Humanity, e haviam sido impedidos de descer pelo governo italiano.
No entanto, após avaliações médicas, o órgão sanitário de Catânia ordenou o desembarque na noite da última terça-feira (8). "Não foi do governo a decisão de deixar os migrantes desembarcarem, definindo-os como 'frágeis' com base em possíveis riscos psicológicos", disse Meloni em uma assembleia com parlamentares de seu partido, o Irmãos da Itália (FdI), de extrema direita.
"Achamos bizarra essa escolha da autoridade sanitária", acrescentou. Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar sejam levadas ao porto seguro mais próximo, que, no caso dos navios Geo Barents e Humanity 1, seria na Itália.
Contudo, o governo Meloni só permitiu o desembarque das pessoas que necessitavam de atendimento médico imediato e chegou a ordenar que os dois navios fossem embora com os migrantes remanescentes.
"O governo italiano respeita todas as convenções internacionais", disse a premiê nesta quarta, acrescentando que os indivíduos a bordo das duas embarcações eram "migrantes, e não náufragos".
Outro navio operado por uma ONG, o Ocean Viking, da SOS Méditerranée, foi impedido de atracar na Itália com 234 migrantes e forçado a pedir um porto seguro à França, a centenas de quilômetros de distância.
"A Itália deve exercer seu papel e respeitar os compromissos europeus. O barco [Ocean Viking] se encontra em águas italianas, existem regras europeias extremamente claras e que foram aceitas pela Itália, que é a principal beneficiária de um mecanismo europeu de solidariedade financeira", criticou nesta quarta o porta-voz do governo francês, Olivier Véran.
Ele faz referência a um instrumento da União Europeia que dará quase 200 bilhões de euros à Itália até 2026, entre empréstimos subsidiados e repasses a fundo perdido. "A postura do governo italiano é inaceitável", acrescentou.
De acordo com o Ministério do Interior, a Itália já recebeu 88,7 mil migrantes forçados via Mediterrâneo em 2022, crescimento de 57% sobre o mesmo período do ano passado.
A maior parte dessas pessoas, no entanto, costuma seguir viagem rumo a países ao norte, como a Alemanha e a própria França, que até agosto contabilizavam 238,7 mil e 134,4 mil solicitantes de refúgio, respectivamente, de acordo com o gabinete de estatísticas da UE (Eurostat), contra 61,8 mil da Itália. (ANSA)
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