(ANSA) - O líder do partido de extrema direita Irmãos da Itália (FdI) no Senado, Lucio Malan, foi duramente criticado nesta terça-feira (22) após rejeitar o casamento homossexual com base em uma citação bíblica e definir o ato como uma "abominação".
Em um programa de rádio, Malan citou o livro de Levítico para condenar as relações entre pessoas do mesmo sexo. "Não há vestígios de casamentos homossexuais, mas a homossexualidade está escrita na Bíblia pior e ainda mais explicitamente: diz que a homossexualidade é uma abominação", afirmou.
O senador foi convidado para comentar os acontecimentos políticos atuais no país, mas insistiu em condenar o projeto de lei contra a discriminação sexual promovido pelo representante do Partido Democrático (PD), Alessandro Zan.
Durante o programa, o locutor, em tom bem-humorado, destacou que é membro de uma Igreja Evangélica Valdense, que abençoa as uniões homossexuais na Itália.
No entanto, Malan disse que "não temos o dever de obediência", tendo em vista que "a Igreja Valdense é fundamentada na Bíblia, não na hierarquia".
Questionado se as escrituras rejeitam casais do mesmo sexo, ele argumentou que "há coisas piores". "Não sobre casamentos porque obviamente ninguém pensou que poderia haver casamentos gays há dois mil anos. Mas está escrito que a homossexualidade é uma abominação. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento", acrescentou ele.
A declaração provocou polêmica na Itália e foi duramente criticada por ativistas da comunidade LGBTQIA+ e pela oposição de centro-esquerda.
A responsável de Direitos Humanos do Partido Democrático (PD), Monica Cirinnà, promotora da lei que desde 2016 regulamenta as uniões homossexuais no país, garantiu que as declarações de Malan "são uma lâmina afiada na vida de meninos e meninas LGBT vítimas de discriminação".
"A verdadeira abominação é usar a Bíblia para atingi-los. Suas palavras estão fora da história e da civilidade", atacou.
O deputado Zan, inclusive, se limitou a perguntar se esta é "também a posição de Giorgia Meloni e do primeiro partido do governo".
Já Natascia Maesi, presidente da Arcigay, principal ONG de defesa da comunidade LGBTQIA+ na Itália, condenou as palavras "sérias" do senador, que "empunha textos sagrados para promover o ódio contra os homossexuais". (ANSA).