União Europeia

Embaixador italiano relata 'choque' vivido na guerra na Ucrânia

Pier Francesco Zazo participou de fórum organizado pela ANSA

Embaixador italiano em Kiev foi entrevistado pela ANSA

Redazione Ansa

(ANSA) - Na véspera da guerra na Ucrânia completar um ano, o embaixador da Itália em Kiev, Pier Francesco Zazo, participou nesta quinta-feira (23) de um fórum organizado pela ANSA e coordenado pelo diretor da agência, Luigi Contu.

Durante o evento, transmitido ao vivo nos canais oficiais da ANSA, o diplomata respondeu as perguntas do executivo e dos jornalistas da agência, entre eles a enviada à Ucrânia, Anna Lisa Rapanà, e o correspondente em Moscou, Alberto Zanconato, e relatou o "choque" vivido no início da invasão, em 24 de fevereiro de 2022.

Zazo explicou que o governo italiano estava "preparado para o pior, mas até o final esperava que não acontecesse". "Uma semana antes, o então chanceler [da Itália] Luigi Di Maio tinha estado em Kiev e depois em Moscou, a premonição estava lá, e no final esperávamos que a agressão se limitasse ao Donbass, mas não foi assim", disse.

O italiano lembrou que recebeu "o primeiro sinal de alerta quando a embaixadora alemã nos avisou que ela havia recebido ordens para deixar o país. Eu estava na residência e às 4h30 ouvi as explosões e vi fortes raios. A invasão havia começado, mas eu esperava, era quase inevitável, mas esperamos até o fim".

Segundo Zazo, naquela "manhã" da invasão russa à Ucrânia "a residência se tornou um inferno, dezenas de compatriotas invadiram, muitos com bebês e crianças. Em poucas horas, éramos mais de 100 pessoas".

"Na Ucrânia tínhamos 2 mil compatriotas, nós os havíamos avisado, mas foi um choque para eles", acrescentou o embaixador, reforçando que naquele dia "tomamos a decisão de nos mudar para a residência que se situa numa zona mais sossegada". "Foi uma escolha vencedora".

De acordo com ele, após o início da guerra, o governo italiano deu "imediatamente todo o apoio, político, econômico, humanitário e até militar", e "isso nunca mudou".

"Aliás, mesmo depois das eleições e com o novo governo de Giorgia Meloni, o que os ucranianos têm apreciado é a linha de continuidade. Continuamos a confirmar o apoio total em todo os setores. É verdade que os ucranianos acompanham os nossos eventos, mas o que importa são os fatos", garantiu.

Durante o Fórum da ANSA, Zazo também disse que o governo ucraniano espera que a Itália continue a ser um país líder na adesão da Ucrânia à União Europeia, e que possa estar entre as nações que apoiarão o início das negociações de entrada, uma vez que Kiev tenha cumprido as condições exigidas pela Comissão Europeia.

"Com o 24 de fevereiro de 2022, a política externa italiana mudou completamente, nos tornamos firmes apoiadores da Ucrânia", declarou o embaixador italiano, enfatizando que o governo de Meloni tem sido um dos "maiores defensores da aplicação de sanções".

Zazo lembrou ainda que, "a partir de 2024, não dependeremos mais do gás russo" e "congelamos os fundos dos oligarcas".

Para ele, os ucranianos "nos dão grandes crédito por ser um país" que apoiou com mais força a sua candidatura à adesão à UE.

Por fim, Zazo afirmou que "as perspectivas da Rússia são muito negativas no futuro, isolando-se e cometendo erros gigantescos, com narrativas que acentuarão o seu isolamento".

"A arma energética não poderá mais utilizá-la, o Ocidente está mais coeso do que nunca e a UE está unida. Putin provavelmente entrará para a história como aquele que perdeu a Ucrânia para sempre", concluiu o italiano, confirmando que Moscou "fez escolhas míopes pelas quais as gerações futuras pagarão". (ANSA).
   

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